Nas últimas três semanas partiram três. O primeiro deles foi o meu amado irmão Manuel Gaspar, membro fiel da igreja Evangélica Baptista de Morelena - Pero - Pinheiro - Sintra.
Creio que o poderia chamar de "irmão sorriso". Sempre me lembro dele como "introdutor". Tinha a função de, meia hora antes do culto, abrir a porta da Casa de Oração .Recordo que eu e o pastor, meu irmão, éramos os primeiros a chegar, depois do irmão Manuel Gaspar. Ele estava sentadinho no seu lugar de toda a vida - orando em silêncio, com os olhos fechados, sorrindo para Deus. Algumas vezes lhe falei sobre isso, e ele, só sorria para mim, não dizia mais nada. Eu pensava: sobre o que é que ele estaria a falar com o Senhor que o levava a sorrir.
Nunca o saberei, mas eram decerto coisas lindas.
Era um homem de poucas palavras, mas de uma grande fé e um eficiente testemunho cristão.
Deixou um bom nome, e uma boa recordação, em Morelena e arredores.
Na semana seguinte, o Senhor chamou a minha querida irmã Maria Cristina Vistas, também membro da Igreja Evangélica Baptista de Morelena. Lembro-me´dela muito jovem, linda, muito linda! Deus deu-lhes três filhas, as quais ela sempre vestia de igual. Até serem jovens as três irmãs sempre vestiram de igual. Roupa bonita, feita por a mãe... sempre muito bem penteadas...Eram conhecidas por todos ali à volta. Muito prendadas, a Rosa Maria, a Eunice e a Dulce, serviam ao Senhor, e ainda servem... com imensa alegria. Quando jovens formaram um trio de vozes que cantava e encantava toda a gente. Ainda há cerca de dois meses, numa festa de Homenagem ao seu pastor te tantos anos, elas cantaram um desses cânticos.
Mas falemos da sua mãe, da irmã Maria Cristina.Sabia cozinhar muito bem. Cozinhou a vida inteira- enquanto pôde para toda a família Ao domingo todos iam almoçar lá a casa. Também cozinhou bastante em almoços na comunidade para angariação de fundos para a construção do Centro de Dia e Lar da Terceira Idade, na aldeia. Ela e a irmã Lisete, chegarm a cozinhar para mais 300 pessoas. Enquanto pôde, sempre colaborou com o Centro de Dia e o Lar de Idosos..
A querida irmã Maria Cristina, conhecendo-me há muito e sabendo "das minhas dores", quando eu chegava junto dela, ou ela junto de mim, sempre dizia com um doce sorriso e uma voz suave : Então, Viviana?
Sei que me estimava muito e queria-me muito bem.
Uma nota importante: Tinha um belo jardim junto de casa, onde semeava e plantava flores para enfeitar a Casa de Oração. Rosas, das mais belas rosas! Lírios! Coroas imperiais! Hortensias! E. frésias...das mais lindas frésias. Também outras irmãs traziam das suas flores para alegrar a Casa de Oração. Sempre, sempre pelo menos há cerca de sessenta anos, que aquele jarrão está belíssimo, sempre, sempre, com flores naturais. Um dia, vendo lá frésias, de um tom rosa tão lindo, e sabendo que eram do jardim da irmã Maria Cristina, pedi-lhe umas mudas para pôr no meu jardim da casa da aldeia, Pois a querida irmã Cristina logo mas trouxe e elas "pegaram" tão bem... que já estão há dezenas de anos... e todas as primaveras florescem e alegram o meu jardim.
Iguais a estas. |
Na semana seguinte, o senhor chamou para si, o meu querido irmão Fernando Cábi, natural da Guiné- Bissau. Era jovem, tinha apenas 44 anos. Pai de duas meninas - A Isabel de 14 anos e a Madalena de 1O.
O Fernando casou por procuração, com uma linda e heróica mulher - a Quinta Sanca, que já estava em Portugal há vários anos quando o Fernando, depois de casar, chegou a Portugal, mais propriamente à Amadora. Quando o marido chegou a Quinta já tinha conseguido comprar uma casa, com o seu pequeno salário de empregada fabril. O Fernando conheceu o evangelho ainda na Guiné. Através da ajuda e apoio de um tio, conseguiu preparar-se na área do ensino da Palavra Sagrada. Era um homem grande! Tinha mais de dois metros! Robusto e forte.
Nunca esquecerei as suas orações em voz alta, nos cultos. Tinha uma fé firme e inabalável. Ao chegar a Portugal "tirou" a carta de pesados de longo curso, tendo viajado por toda a Europa. Com a chegada da crise ficou sem trabalho e emigrou para o Luxemburgo, onde estava ultimamente. A esposa, a querida Quinta, como muitas outras jovens mulheres guineenses, emigraram para a Inglaterra, mais propriamente Manchester, onde logo conseguiu trabalho e o direito a uma boa casa. Trabalha num Hotel, trabalho bastante pesado mas que ela não tem dificuldade em enfrentar.
Na véspera do Natal de 2014, o Fernando tendo vindo a Portugal tratar de uns assuntos, sofreu um acidente, ficando cerca de seis meses em estado de coma, não tendo resistido a uma infecção respiratória.
O Culto fúnebre foi uma belíssima expressão de fé, da Quinta Sanca, Foram momentos extraordinariamente tocantes e belos.
Do meu querido irmão Fernando Cábi, vou guardar o afecto e o amor cristão do último abraço que me deu, poucos dias antes do acidente. Olhando-me, com um sorriso muito lindo e muito doce, correu para mim e abraçando-me disse-me: "Ó minha querida irmã Viviana!
Sou muito, muito grata ao Deus de amor, por todo o carinho recebido destes três queridos irmãos:
irmão Manuel Gaspar, irmã Maria Cristina Vistas e irmão Fernando Cábi.
Obrigada Senhor por estas três preciosas vidas!
O quanto me deram ! O quanto me amaram!
Os exemplos de fidelidade a Cristo e aos irmãos na fé.
Até logo, meus caros
A gente vê-se um dia destes.
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