segunda-feira, 10 de agosto de 2015

As surpreendentes coisas que nos acontecem quando nos deixamos guiar pelo Espírito Santo (continuação)

Há  cerca  de três semanas publiquei neste espaço, um resumo de um interessante encontro,  que eu e a minha irmã Teresinha, tivemos à entrada do cemitério de Montelavar - Pero-Pinheiro
Os que por aqui passaram talvez se recordem. Como aconteceram coisas interessantes e significativas depois disso,  tenho para mim, que  gostarão de as conhecer.
Pois bem, tal como prometi à Dona D. as fotografias que lhe tirei foram impressas, logo uns dias a seguir, e depois de as colocado em molduras, fui com o meu filho Zé (meu motorista) e o Jorge, meu marido,  à procura da  residência da senhora, o que não foi difícil, dado conhecer aquela zona que não dista muito da minha aldeia.
À entrada do portão, que dá para um grande espaço onde existem ruínas do que foi uma grande fábrica de moer pedra, debaixo de uma enorme nogueira, lá estava a camioneta vermelha que a Dona. D. conduzia. Deu para ver bem como é grande. À frente da nogueira estava uma casa  térrea, bastante comprida.
Bati à porta várias vezes  mas ninguém vinha abrir. Pensei que não estivesse ninguém. Mas de repente, junto a um pátio, ao fundo, apareceu a  Dona D. a perguntar quem era. Logo me reconheceu e veio por dentro da casa abrir a porta onde eu batia. Trabalho que foi difícil pois para além de haver por trás grandes vasos com plantas de interior que chegavam ao tecto, a porta, estava "perra"- de há tanto tempo não ser aberta. O que me levou a pensar que a Dona D. não recebe visitas há muito tempo.
Por fim, lá entrámos, tendo-nos conduzido para uma sala muito arranjadinha, limpinha e cheiinha de recordações. Muitas fotos antigas de família, tendo-nos explicado quem era quem. Nas costas de um sofá um belíssimo exemplar de uma pele de vaca. Percebi que foi o filho que lha ofereceu.

Depois de nos cumprimentar, ela só me conhecia a mim, e não ao Jorge nem ao Zé, fez questão que nos sentássemos à volta de uma linda mesa de madeira que estava no centro da sala. Ela sentou-se no sofá da pele da vaca. Porém, logo me chamou para junto dela. Ficou muito contente com a nossa visita. Passei-lhe para as mãos o  lindo saquinho de papel onde estavam dentro as duas molduras com as fotos : uma do rosto e outra de corpo inteiro. Sorriu, agradeceu, e colocou ao coisas ao seu lado no sofá.  Foi então que começou a  falar-nos de si, dos seus pais, doa seu marido, dos seus filhos. Tanta revolta, tanta frustração, tanta tristeza, tanta raiva! Começou por nos dizer que os seus pais  eram lavradores locais com uma boa casa e muito gado. Ela, desde novinha, trabalhava no campo, tratava dos animais e ia vender os produtos da terra com uma carroça. Trabalhava dia e noite e  disse: "NUNCA DORMI UMA SESTA" A seguir disse-nos: "O meu pai não me deixou casar com o homem que eu amava".
A senhora falou, falou, falou, mais de uma hora e meia. Ela precisava mesmo de desabafar, de ter alguém que a ouvisse e foi o que nós os três fizemos. Ouvímo-la em silêncio, impressionados, comovidos, pensativos. Ela falava bem, fluentemente, aos 81 anos não lhe fugiam as palavras... Creio de depois de nos abrir o seu  coração, ficou muito mais leve. Foi depois mostrar-nos a casa. A cozinha tão bem arrumadinha e tão limpa.
 Agradeceu muito, muito, a nossa visita, Os olhinhos sorriam-lhe.e as profundas rugas do belo rosto ainda se tornavam mais belas, para mim. Fez questão de nos dar uma dúzia de ovos das suas galinhas, seis das galinhas poedeiras mais velhas, e outros seis das frangas novas que começaram há pouco a pôr.
Veio connosco até debaixo da velha e enorme nogueira que diz ter plantado quando o filho nasceu, há mais de quarenta anos.
Saímos daquela casa em silêncio, os três. Não sabíamos o que dizer, nem o que pensar.
Só vos posso assegurar é que esta senhora, a Dona D. está nos nossos corações e queremos-lhe muito bem.
Deu-nos o seu número de telefone para lhe telefonar-mos. 
Já foi assaltada na sua casa por uns rapazes,  que entraram pela janela da cozinha.
Agora tem medo de ser assaltada novamente.
Assim, acrescentei mais um nome à minha longa "lista de Intercessão": A Dona D. 
Agora, eu entendo perfeitamente, porque é que a Teresinha estacionou o carro "atravessado" . à entrada do cemitério, o que levou a Dona D. a ralhar connosco daquela maneira.
Somos agora boas amigas...quero-lhe muito bem. Procurarei encontrar-me com ela sempre que possível.
Creio que é isso que o Senhor meu Deus quer que eu faça.

4 comentários:

dilita disse...

Olá amiga Viviana!

Como eu gostei do epílogo deste seu conto verdadeiro. Que bonito! Nós nunca sonhamos o que se passa entre as quatro paredes duma casa, e no coração de cada ser humano...
A senhora deve viver muito só, que bem lhe deve ter feito a vossa visita.
Dá ideia sim, que este facto estava programado; - chegarem ao mesmo tempo ao local, ela um pouco azeda, e depois o encontro não com uma qualquer pessoa, que nem lhe desse atenção, mas com a Viviana, uma pessoa cheia de ponderação. E também sempre pronta a dar ternura e carinho, "galões de enfermeira..." E assim nasceu uma amizade.

Amiga, muito obrigada pelas visitas no meu cantinho, e palavras sempre amáveis que lá deixa e me fazem muito bem.
Não tenho comentado, mas vou ao seu blog diáriamente, gostei muito da horta, e das coisas da horta; pena eu estar longe, e sorte para a horta...
Continuo preguiçosa. (andaço...)
Beijinhos e boa semana.
Dilita

Rosa disse...

Olá Viviana.
Mais uma (bonita ) história de vida a somar a tantas outras que fazem parte da vida da Viviana.

Interessante, e como deve ter ficado feliz a D.D .

A nossa primeira impressão,nem sempre é a mais verdadeira.


Viviana, boa e feliz noite.

Abraços.

Viviana disse...

Querida Dilita

Foi sem dúvida, um presente bonito que o Pai me deu,
este encontro com a dona D.

Nunca o esquecerei, assim como não esquecerei aquela primeira visita. Creio que, pela bondade do Senhor, terá sido uma de muitas...

Ontem mesmo lhe telefonei.
Como ela ficou contente!
Tinha passado o dia todo no Hospital da Amadora, a preparar-se para uma cirurgia à anca.

Fez questão de me dar o número do telemóvel, para "poder falar-lhe" onde estivesse.

Creio, que apenas e tão somente, Deus "me encarregou" de a ajudar.
É isso que eu gosto de fazer. Ele sabe.

Quanto ao seu blogue, amiga, não se inquiete.aça o que o coração lhe ditar.
Um grande a fraterno abraço
Viviana

Viviana disse...

Querida Rosa

Sim, boa amiga
Este encontro, foi um presente bonito do nosso Deus e Pai.
"Uma gracinha"...
Como eu costumo dizer.

Enriqueceu-me!

Um grande abraço, boa amiga
Viviana