No princípio, Deus iniciou o seu relacionamento com a raça humana num ambiente e num contexto de família. E foi precisamente nesse ambiente que outorgou ao ser humano a responsabilidade de ser o seu vice-gerente, no cuidado e governo do resto da criação.
A ordem dada para a reprodução (multiplicação) e para o domínio (ou
sujeição) sobre os animais, foi dada como expressão da “bênção divina”
àqueles que tinham sido criados à sua imagem e semelhança.
Desde esse momento em diante, o relacionamento do Criador com os humanos
tem-se fundamentado e consolidado, tendo a “linguagem do amor familiar”
como suporte e matriz de convivência entre ambos. O amor familiar serve
de exemplo visível e prático daquilo que caracteriza a relação de Deus
com o seu povo.
O povo de Deus é composto da porção da humanidade que integra homens e
mulheres de todas as gerações e de todas as classes sociais que, por
meio do arrependimento e da fé, aceitaram viver debaixo do governo e da
orientação divina, representando o modelo da humanidade, “idealizado” no
princípio por Deus, caracterizado pelos relacionamentos saudáveis,
evidentes no seio de uma família equilibrada.
A igreja local é a expressão visível da comunidade global que representa
o povo de Deus. E é na igreja local que os dons e os ministérios são
exercitados, e onde os membros do corpo de Cristo aprendem a servir a
Deus, através do cuidado mútuo que mostram uns pelos outros.
Nesse ambiente de convívio familiar, que se traduz num espaço ideal de
crescimento pessoal, as atitudes, os comportamentos e as ações devem ter
como fundamento e motivação o amor verdadeiro e sacrificial.
Ao escrever a sua magna epístola aos crentes em Roma, Paulo exorta-os a
exercitarem, no seio da sua comunidade (e não só), um amor “sem
fingimento”, isto é, sem hipocrisia, sem dolo, querendo dizer com isso
que, entre os membros da comunidade de redimidos, que partilham de um
ambiente familiar, não deve haver lugar para a falsidade.
Segundo Paulo, a irmandade (gr. filadelfia) entre aqueles que se assumem
como seguidores de Jesus, e que pertencem à família de fé, deve
caracterizar-se pela autenticidade da entrega e dos afetos, onde o
respeito mútuo, a consideração pelo outro (irmão) e o zelo pelo bem
comum, devem ser estimulados e deliberadamente promovidos.
Um dos aspetos mais poderosos do testemunho cristão é, sem sombra de
dúvida, a evidência dos laços de amor que caracterizam a vida do povo da
aliança, e que tornam visível o poder regenerador do Espírito Santo e a
presença real do Reino de Deus em ação no coração de homens e mulheres
transformados pela graça.
Onde o amor impera, as barreiras são ultrapassadas, as “pontes” (em vez
de muros) são construídas, as necessidades são supridas, as feridas são
curadas, os fracos são auxiliados, os erros são corrigidos, as dúvidas
são gentilmente esclarecidas, os verdadeiros milagres da transformação
acontecem.
Que o Deus da nossa salvação, aquele que com a sua maravilhosa graça nos
arrancou das trevas e do poder de Satanás, para o reino do seu Filho
amado, nos conceda a graça de vivermos como irmãos, o que de facto
somos, fazendo com que os nossos relacionamentos sejam caracterizados e
“coloridos” por um amor não fingido, mas real e autêntico.
Soli Deo Gloria!
Pastor Samuel Quimputo
Igreja Ev. Baptista de Sete Rios - Lisboa
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