P' las maias...
«Rapariga, rapariga... só nas ultimas maias se tinha achado. Não sabia bem ao certo os anos que contaria. Devia talvez andar aí pl'os dezasseis - e parecia - lhe que os acabava adeante, na quaresma, porque, fazendo fé no que a mãe contava, tinha nascido numa das semanas do terço, por essas onze horas, n 'altura em que o terno ia ao Outeiro, cantava a Avé Maria, mesmo arrumado à esquina da casinha onde moravam. Mas até ali estivera amuada, alheia ao mundo, rêpa abaixo, rêpa acima, ranhando se às costas das mãos, magra, bravia, uma chibita dum ano quasi sem botar corpo.
Logo aos três anos, merenda na abada, giga no braço , um belro de lã p 'ra escramear s'era de inverno, a meia de linha aparada s'era verão - e ala, atalhos fora, numa fraldiqueira de palmo, com o saiotito aos pindrocalhos a bater-lhe nas pernas roxas.
O seu entretem, por lá, quando o tempo ia mole, era alapar-se na relva, barriga p'ra baixo, barba na concha das mãos, a assobiar como os melros ou a seguir d'olhos sisudos as sombras que as nuvens faziam voando sobre os outeiros».
(António de Seves - no Livro - Leomil - 1921)
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