«A caruge levantára. Só alvos rolos de névoas enchiam o leito dos corgos. Ainda fazia sieiro - e largas faixas de geada inteiriçavam os cultivos, ao redor da sombra dos muros. Mas, livre do basto negrume que o havia impecido, com a alegria que as aves trazem ao sair da água - e as faz espanejar, erguer vôo e partir a chilrear - o Sol já batia as azas, sózinho por todo o céu - e sacudia sobre a terra um grande chuveiro de luz.
Azuis e azuis tão leves como liláses delidos subiam dos vapores dos códos, a cambear com os brancos das nevoas que rareavam.Os mais bravios maninhos e alpendurados calhaus perdiam a sua bruteza. E, com o oiro desmaiado que da luz do sol caía, e o azul desses azuis e a alvura fofa das nevoas - ribeiras e montes pareciam visões dum doce quebranto das moirinhas encantadas, que ao abrigo das penhas , nos vales de tenro arvorêdo, fiam em rocas d´oiro, os seus cuidados d´amor, eternamente meninas!»
(António de Sèves - no livro Leomil - 1921)
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