Num momento de repouso, olhei a estante à minha frente, repleta de livros "escolhidos" por mim, da nossa preciosa biblioteca geral, cá de casa, e os meus olhos "bateram" num livro de aspecto muito antigo, que aprecio muito e não me canso de me debruçar sobre aquela forma tão bela e tão especial de escrever, do seu autor.
Para não ser maçadora, apenas vou seleccionar algumas paràgrafos de um determinado capitulo que surgiu diante dos meus olhos.
Ei-los:
" O dia foi-se passando - e acentuando os dourados de todas as côres de Outono. Chovia oiro dos soitos. Brilhavam, debaixo d ´oiro, as parras roxas das vinhas. Iam estreladas d `oiro, as aguas mornas dos rios. Chispava oiro a caruma caída dos pinheiraes. Havia veludos doirados no musgo seco dos muros. Eram
d´oiro desbotado os restolhos dos centeios. D `oiro cobre os feeitaes.
D`oiro os penhascos e os tojos no verde - oiro das lameiras. Bogalhos d`oiro os ouriços. Lâminas d`oiro vermelho as folhas das cerejeiras. D`oiro as altas carvalhas, sósinhas p`los picôtos. Altares doirados as lombas e as cumieiras das serras. e de pó d`oiro moído, a brilhar de baixo d`àgua, a sintilação da luz que, de vale a vale estravasava...
As pombas brancas da Vila passavam ás vezes em bandos. Algum vulto de pastor parava p`los outeiros. Duas raparigaças, aparecendo d`entre as vinhas , trigueiras, ancas roliças, vieram lavar, no rio, as pernas, ás gargalhadas. Um tiro de caçador levantou ecos brandos.»
( António de Sèves - no livro - Leomil - 1921)
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