terça-feira, 16 de maio de 2017

Recordando Maria José Pires dos Santos (1)


Inicio hoje, aqui, a  apresentação de uma  grande mulher, que teve um papel muito importante no desenvolvimento  no trabalho  Baptista em Portugal -  Maria José Pires dos Santos.

«Nasceu em 10 de Agosto de 1890, na vila de Chança (Alto Alentejo)  e faleceu a 12 de Setembro de 1978, em Ponte de Sor, sendo sepultada na sua terra natal.
    Filha de Joaquim Pires dos Santos e  de Emília de Matos Pires, professores primários, oriundos da Beira Baixa, cedo revelou as extraordinárias qualidades do seu espírito: aprendeu a ler apenas pelo convívio com as outras meninas, aos 10 anos fazia exame de admissão aos liceus, e gostava de acompanhar o seu irmão José (2 anos mais velho) em preocupações intelectuais pouco comuns na sua idade.
    Em lugar de continuar os estudos, como seria de esperar, o pai coloca-a  ao balcão de uma loja que, nessa altura, abre.
    A loja passa a ser a sua «escola» e a actividade comercial virá a ser a paixão da sua vida. Nela encontra condições para o desenvolvimento da sua inteligência privilegiada e da sua sensibilidade, qualidades que a levaram, pela vida fora, á  defesa vigorosa e constante dos ideais que enchiam a sua alma nobre. A loja, ao mesmo tempo que lhe fornece os estímulos ao desenvolvimento das ideias, dá-lhe também os destinatários dessas ideias e a possibilidade de praticá-las, ajudando-os nas formas possíveis.
    Com um irreprimível desejo de independência, por temperamento próprio e porque a tutela paterna era demasiado dura para a sua alma sensível, não sabia como realizar esse desejo: ganhara paixão pelo comércio e queria ser empregada comercial em Lisboa, mas  os pais, segundo os preconceitos da época, entendiam que a carreira de professora primária é que era própria para uma senhora.
    Prevaleceu a vontade dos pais e, assim,  aos 17 anos, vai para Portalegre e hospeda-se em casa do professor António Filipe Charais, que a prepara para o exame de admissão à Escola do Magistério Primário. Porque esta escola suspende  as actividades e só  reabre  2 anos  depois,  só então pode matricular-se e frequentá-la durante  ano e meio.
    A verdade é que não se sentia vocacionada para o magistério. O seu sonho continuava a ser o comércio, mas para reali-lo, era necessário convencer os pais. Nisto a ajudou Emílio Costa, seu professor de francês, em  Portalegre. Apesar de tudo, ainda foi professora primária das «escolas móveis« de então, segundo o método João de Deus.
    Aos vinte e pucos anos está finalmente em Lisboa, na sua tão querida carreira comercial. Daqui passará à cidade do Porto, onde trabalhou como empregada de escritório.
    O pai, grande republicano, relacionava-se com os mais destacados vultos republicanos da época. Rodeia-a um forte ambiente político, que a influencia e lhe permite também contactos com personalidades que participaram na implantação da República.

(Continua na próxima terça-feira, querendo Deus.)

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