quinta-feira, 5 de abril de 2018

ALEGRA-TE CAÍTA

Há uma alegria imensa quando os frutos surgem...aqui, os meus abacates.

ALEGRA-TE  CAÍTA

"Se estivesses aqui,  Caíta, tu  a verias entrar,
enchendo a casa e o coração da gente
com a luz do seu sorriso e do seu olhar.
Terias contemplado o doce mistério
de chorar e rir ao mesmo tempo
que ela fez surgir em cada rosto
quando disse que vinha para dizer adeus.
Se estivesses aqui, terias te ajoelhado
para agradecer a Deus
porque Ele estava levando para além do oceano
a menina que amaste, ao ponto
de sacrificar por ela  teu anseio de evangelizar,
limitando-te a orar em oculto,
noite após  noite, vitima da própria promessa
que o desejo de vê-la salva
te obrigou a fazer.
Se estivesses aqui, terias entendido,
na própria vida e na própria morte,
a linguagem linda que o teu Deus usou:
«Se o grão de trigo não morrer fica ele  só,
mas se morrer dá muito fruto...»
Alegra-te Caíta, a colheita começou:
a menina que se levantou para te substituir
soube transformar em força sua fragilidade de
adolescente, vencendo os obstáculos que se erguiam
à sua volta e em seu interior,
como rochas e espinhos maculando o caminho recto
que tu lhe ensinaste
com teu silencioso ministério, de exemplo e oração.
Está pronta para partir, para hastear a bandeira do evangelho
em terras que só em sonhos pudeste conhecer .
Pioneira, tão aparentemente frágil
que a gente sentiria remorso de deixá-la partir,
não fosse a certeza de sabê-la habitada por um
Deus onipotente;
não fosse a certeza de que se estivesses aqui
lhe terias dito, quase num murmúrio, por causa da emoção:
«Sê fiel até à morte...»
voltando tranquila para o sertão que amaste,
certa de que a tua menina não erraria na escolha
 entre perder a vida e negar a Deus
pelo Qual tu deste a tua.
Ah! Caíta,  se os anjos abrissem uma excepção
e fossem contar-te que as portas de África
se abriram para os brasileiros
e que para lá seguiu como pioneira
a filha que a tua fé gerou!...
Sei que é impossível fazer maior a alegria
que estás gozando,
mas não posso  deixar de repetir, cantando:
- Alegra-te, Caíta, a colheita apenas começou!"

(Myrtes Mathias - no livro - Caminhos de Deus)

Nota explicativa:

A jovem missionária,  em África,  a que o texto acima se refere, é Valnice Milhomens...a quem tive oportunidade de conhecer, bem assim como muitos crentes  portugueses, quando esta amada irmã  esteve algum tempo em Portugal.

Quanto a Caíta - Margarida de Aguiar Natividade - nascida no estado do Maranhão, depois de  se preparar num Instituto de Treinamento Cristão, voltou ao sertão " para distribuir de graça, o que de graça tinha recebido." Gastou a sua vida lá, só saindo quando a sua saúde não lhe permitiu continuar.
Foi para  Tocantínia onde deu aulas de educação física numa escola, onde conheceu a jovem Valnice, por quem orava todas as noites.


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