O poeta e escritor português - Miguel Torga. Fonte da imagem: https://www.escritas.org/pt/. |
SOLIDÃO
Pouco a pouco, vamos ficando sós,
Esquecidos ou lembrados
Como nomes de ruas secundárias
Que a custo recordamos
Para subscritar
A urgência de um beijo epistolar
Ainda inutilmente apetecido.
Mortos sem ter morrido,
Lúcidos defuntos,
Vemos a vida pertencer aos outros.
E descobrimos, na maneira deles,
Que nada somos
Para além do seu dissimulado
Enfado
Paciente.
E que lá fora, diariamente,
Conforme arde no céu,
O sol aquece
Ou arrefece
Os versáteis e alheios sentimentos.
E que fomos riscados
No rol da humanidade
A que já não pertencemos
De maneira nenhuma.
E que tudo o que em nós era claridade
Se transformou em bruma.
Esquecidos ou lembrados
Como nomes de ruas secundárias
Que a custo recordamos
Para subscritar
A urgência de um beijo epistolar
Ainda inutilmente apetecido.
Mortos sem ter morrido,
Lúcidos defuntos,
Vemos a vida pertencer aos outros.
E descobrimos, na maneira deles,
Que nada somos
Para além do seu dissimulado
Enfado
Paciente.
E que lá fora, diariamente,
Conforme arde no céu,
O sol aquece
Ou arrefece
Os versáteis e alheios sentimentos.
E que fomos riscados
No rol da humanidade
A que já não pertencemos
De maneira nenhuma.
E que tudo o que em nós era claridade
Se transformou em bruma.
(Miguel Torga)
2 comentários:
E não fosse Miguel Torga! Grande! Um beijinho enorme para si Viviana. Nunca a esqueço!
Olá! querida Fernanda
Quanta alegria me deu a sua visita...
E, fazer-me saber que nunca me esquece.
Sorri de contentamento.
Obrigada, boa amiga
Que tudo esteja bem consigo e com a sua família
O meu abraço
viviana
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