terça-feira, 20 de março de 2018

FLORESTA - Um poema de Sophia de Mello Breyner Andresen

Uma árvore grande e muito bela -  que fotografei perto de Rio Maior.

Floresta

Entre o terror e a noite caminhei
Não em redor das coisas mas subindo
Através do calor das suas veias
Não em redor das coisas mas morrendo
Transfigurada em tudo quanto amei.

Entre o luar e a sombra  caminhei:
Era ali a minha alma, cada flor
 - cega, secreta e doce como estrelas - 
Quando a tocava nela me tornei.

E as árvores abriram os seus ramos
Os seus ramos enormes e convexos
E no estranho brilhar dos seus reflexos
Oscilavam sinais, quebrados ecos
Que no silêncio  fantástico beijei.

 (Sophia de Mello Breyner Andresen - no livro - OBRA POÉTICA  I )

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