sexta-feira, 25 de julho de 2014

Meditação - Um poema de António Ferreira de Sousa

Uma paisagem de Cabeceiras de Basto.  Imagem da net.


MEDITAÇÃO

Eu passo longas horas esquecido
No doce contemplação  da natureza,
Tam cheia de caprichos, de  beleza,
E quedo-me, assim, quase adormecido...

         E vejo, em pensamentos, a grandeza
         De tudo quanto Deus há construído:
         - A Terra, o Céu, o Mar embravecido,
         Um Mundo todo cheio de incerteza  - .

O Bem e o Mal, a Sorte e a Desventura,
A Dôr, o Sofrimento e a Amargura,
Têm todos, nesta vida, o seu império...

         Mas, tudo quanto vejo, é quási nada
Do mundo que Deus  fez, - obra talhada
Em moldes todos cheios de mistério...

   (António Ferreira de Sousa - no livro - FOGOS - FÁTUOS)

Nota:

Ontem, o Jorge, meu marido, entrou em casa com um velho e amarelecido livro , na mão, e disse-me:
"Olha, está aqui este livro de um poeta de Cabeceiras de Basto - terra do meu saudoso pai - Trouxe-o para apreciares e ver  se queres publicar algum dos poemas."

Hoje, de manhã cedo, iniciei a sua leitura e gostei do que encontrei.
Não tenho conhecimentos técnicos para me pronunciar sobre o tipo de poesia aqui apresentada, mas ao folheá-lo, gostei...e daí ter decidido oferecer aos amigos que por aqui passam, este interessante poema.

No início do livro encontrei estas palavras do autor:

"Ao publicar «FOGOS FÁTUOS» não alimento a pretensão tôla de valorizar, com ele, a literatura  portuguesa. Outro fim não tenho em vista que não seja o de prestar homenagem à  memoria de pessoas muito queridas, já idas, dispersas no gyro dos tufões, testemunhar a minha  simpatia  a  alguém  a quem muito quero e a minha consideração a alguns amigos a quem dedico  vários sonetos.
   A critica - se o meu livro a merecer - vai adjectivar de piegas as produções que compilei.
   Pouco importa. Senti-as; tanto basta.
Felizes são aqueles que não sentem...

      Cabeceiras de Basto, Abril de 1943.

                O Autor

Segunda nota:

Eu  tinha na altura, 2 anos.
  

2 comentários:

Rosa disse...

Olá Viviana.

Bela descoberta esse livro.

UM poeta que nos deixa adivinhar (pelas suas palavras) um homem com um sentimento que muito preso,a humildade.

Viviana, vou de seguida para a minha máquina (que já me espera)
Tenha um bom fim de tarde, e já agora, um bom fim de semana

Abraços.

Viviana disse...

Querida Rosa

Ah! mas vou cuidar muito bem...deste livro velhinho!

Os poemas que li, tocaram-me deveras.

Foi mais um belo presente do Jorge

Um abraço
Viviana