quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Ao Outono - um poema de John Keats

Bagas de Outono - Fonte da imagem: bobeirasemgeral.blogspot.com
Ao Outono

   "Estação de bruma e doce abundância!
        Amiga íntima do  Sol que amadurece,
   como ele conspirando para encher de frutos
e  abençoar as vinhas que se estendem pelas latadas.
      Para carregar de maçãs as árvores musgosas.
      E  amadurecer todos os frutos até ao caroço.
Para  inchar as cabaças e encher as avelãs de doce miolo,
   para abrir cada vez mais às abelhas as flores tardias
   até elas pensarem que os dias quentes não acabarão,
   pois o Verão já fez transbordar os seus favos viscosos.

           Quem não te viu, tantas vezes, na tua abundância?
            Por vezes, quem procurar aí fora pode encontrar-te
            sentado no chão de um celeiro descuidadamente
        com o cabelo levemente agitado pelo vento,
            ou adormecido num sulco já ceifado,
   entorpecido pelo odor das papoilas, enquanto a tua foice
         poupa o trigo próximo e as flores entrelaçadas
         e, outras vezes, como um rebusqueiro,
         firmas  a cabeça ao atravessar um ribeiro
         ou observas com calma, junto a um lagar,
        a longa passagem do tempo, horas e horas.

   Onde estão as canções da Primavera? Onde estão?
      Não penses nelas, tens a tua música própria!
      Quando os farrapos  de nuvens florescem o suave crepúsculo
  e tingem de róseos matizes as planícies de restolho,
            surge então o lamentoso coro dos mosquitos
                   entre os salgueiros do rio,
    aumentando ou diminuindo com o soprar do vento.
   E berram os cabritos já adultos, nas cidos na montanha,
       cantam os grilos nas sebes e, numa branda voz,
               o pintarroxo canta no jardim.
            Nos céus piam bandos de andorinhas."

                             (J. Keats)

Poeta romântico  inglês - 31/10/1725 - 23/02/1821
   
No livro - A Alegria de Viver com a Natureza - de Edith Holden
   

4 comentários:

Rosa disse...

Olá Viviana.


Este poema "A Alegria de Viver com a Natureza" é encantador.
Como encantadora é a própria natureza, que nos oferece toda a abundância de frutos cores e cheiros e deixa, para quem nela repara com olhos de ver, inúmeros motivos para a escrever, ler e cantar...

Viviana, esperamos que tudo esteja bem convosco.
Abraços de amizade.

dilita disse...

Querida Viviana

Linda esta Ode ao Outono.
Era nesta quadra que se arrumavam as colheitas, se enchiam os celeiros, e se guardavam as palhas.
Bem me lembro... mas actualmente parece que já não é assim; -ou serei eu que estou saudosista mas no mau sentido?
Secalhar sou eu a pensar errado, e assim precipitando-me...

Mas uma coisa posso afirmar "gostei muito, muito, deste poema!"

Beijinho, e melhor saúde.
Dilita

Viviana disse...

Querida Rosa

È verdade, amiga.
Como é bela e importante!?

Uma maravilha.

Está tudo bem...graças a Deus

Um grande abraço
Viviana

Viviana disse...

Querida Dilita

Também gostei muito.
Os ingleses são muito sensíveis nesta
área.
Têm poemas muito belos.

Que bom que gostou!

Um grande abraço, amiga
Viviana