segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Desejos vãos - Um poema de Florbela Espanca

A poetisa portuguesa Florbela Espanca

DESEJOS VÃOS

Eu queria ser o Mar de altivo porte
Que ri e canta, a vastidão imensa!
Eu queria ser a Pedra que não pensa,
A  pedra do caminho rude e forte!

Eu queria ser o Sol, a luz intensa,
O bem do que é humilde e não tem sorte!
Eu queria ser a árvore tosca e densa
Que ri do mundo vão e até da morte!

Mas o Mar também chora de tristeza...
As árvores também, como quem reza,
Abrem, aos Céus, os braços, como um crente!

E o Sol altivo e forte, ao fim de um dia,
Tem lágrimas de sangue na agonia!
E as Pedras...essas...pisa-as toda a gente!...

(Florbela Espanca - no livro - Sonetos de Florbela Espanca)

2 comentários:

Rosa disse...

Olá Viviana.


Lindo e emocionante este poema.


Sim, porque eu também acredito, que toda a natureza sente, ri e chora dos nossos comportamentos para com ela.

Radioso dia Viviana.


Abraços para os dois.

Viviana disse...

Querida Rosa

Também gostei muito deste poema.
É de uma profundidade...

Li-o ao Jorge e ele ficou pensativo.

Um grande abraço
Viviana