terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

ECO - Um poema de Pedro Homem de Mello

 O poeta e folclorista português Pedro Homem de Mello.

  ECO

Mal correm sombras já na terra escura,
E uma voz frágil noutra se mistura.

Donde partem? Não sei...Mas a distância
Deu-lhes maior, mais  íntima fragrância.

 -  Tinham tanto frescor teus lábios dantes!
 - Meus lábios?  - Sim, teus lábios palpitantes!

 - Pobre mágico! - Em louca embriaguês
Outrora ambos sonhávamos! - Talvez...


 - As tuas mãos doiravam os meus dias!
 - As minhas mãos, são negras e vazias...

 - Ah! Diz-me! Diz- me! O mistico fulgor
Da poesia acaba? E o amor? E o amor?...

Ouvem-se as vozes longe. A ária indecisa
Vai-se perder nos frémitos da brisa...

(Pedro Homem de Mello - no livro - Segredo)

Nota:

Livro com uma dedicatória do autor, ao Jorge Leal, meu marido e seu aluno, numa escola do Porto - 1953.

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