terça-feira, 24 de julho de 2012

Ainda a propósito das ausências no funeral do Dr. José Hermano Saraiva

                                   Imagem do funeral do Dr. José Hermano Saraiva - no cemitério de Palmela
                                                     Fonte :  http://www.dn.pt/                   

"Trago" para aqui, o que a este respeito, escreveu a minha amiga Dilita no  seu blogue - http://rendadebirras.blogspot.pt/

Presidência e Governo ausentes no funeral do Professor Herman Saraiva

"Eu não estive no funeral deste grande português. Mas se o espirito vôa e permanece nalgum lugar, então eu estive lá.
Quando pela televisão vi a saida do funeral, da linda Igreja de Setúbal, eu emocionei-me ao ver os filhos carregando a urna. Soaram também os aplausos do povo; o povo esse sim estava de luto, um luto que se sentia e não se exteriorisava em farpelas, ou óculos negros. Porém das altas esferas do nosso País, eu não vi ninguém... Apenas o Sr. General Ramalho Eanes, com a sua Espôsa a sra. Dra. Manuela.E também o Sr. Professor Rebelo de Sousa. Pensei, que Presidência e Governo ali estariam, e nem só por um momento admiti a ausência, deduzi por isso que possivelmente essas altas individualidades teriam ficado para trás, talvez ainda na Igreja. A T.V. também não "perdeu" muito tempo, para mudar de imagem...
Porém,qual não foi o meu espanto no dia seguinte, quando li no jornal isto :
-"Presidência e Governo não estiveram presentes no funeral."
Fiquei surpreendida pela negativa. Eu nem tenho palavras para exprimir o que penso. Porquê esta exclusão? Por o Professor ter trabalhado para o Estado Novo?
Só posso chamar a isso mentalidade tacanha. Então o Sr. não tinha de trabalhar?
Fez os estudos e não foram poucos (duas formaturas) e depois ficava em casa a olhar o céu... Claro trabalhou onde havia trabalho à altura do seu saber e categoria.
Defendia o Presidente da Républica, pois claro. As pessoas esquecem-se que há 45 anos atrás, não estavamos em Democracia, e que a ninguém era permitido censurar o Governo nem o Presidente da Républica. Eram intocáveis, aprendiamos isso logo na instrução primária, e era para cumprir. E cumpria-se. Estava mal? Talvez, mas era assim. Entretanto depois do 25 de Abril já todos eram patriotas... mesmo quem nem duas palavras sabia alinhavar, botava palavra; dizer mal é muito fácil. Mesmo entre a maioria dos instruidos, não havia um sentimento de avaliação; no seu conceito quem vinha da Ditadura não tinha mérito. E actualmente as coisas não mudaram muito, constatei o facto aqui mesmo nalguns blogues. Pessoas que se atrevem a 
reevindicar por situações passadas, que alguns nem conheciam, porque eram creanças na altura, e outros mais crescidos nem as noticias liam, e também porque a censura só deixava vir nos jornais o que entendia. Estes que agora tentam beliscar, nem aos calcanhares do Ministro da Educação Herman Saraiva hão-de chegar, ainda que vivam mais de cem anos.Nem vale a pena pormenorizar, está à vista...
Mas é muito triste assistir de animo leve,ao desinteresse manifestado pelos actuais governantes e afins, para com os grandes vultos portugueses. Quando faleceu o nosso Nobél, o Presidente da Républica estava nos Açôres em férias, e não quis vir ao funeral.
Que diabo não temos assim prémios Nobél com fartura... mas mesmo assim, o Homem que recebeu este galardão (uma honra para Portugal) o José Saramago, não mereceu a presença do
Presidente da Républica no seu funeral. (porque este estava em férias.)
Lamentávelmente, Ontem, como Hoje"....


 Publicado por Dilita em 24 de Julho de 2012
 (http://rendadebirras.blogspot.pt/)


1 comentário:

dilita disse...

Olá amiga Viviana,boa noite.

Trazer o meu texto para o seu blog,é uma deferência que muito me agrada, e que de igual modo muito agradeço.

Também gostei muito do que escreveu sobre o mesmo facto.

Hoje já estou mais calma, mas na altura, tal não me saia da ideia.
Beijinhos.