domingo, 30 de novembro de 2008

Porque hoje é Domingo (33)


Retiro Regional da União Feminina, da Zona - Centro - Sul

VIVENDO O DIA-A-DIA PARA GLÓRIA DE DEUS

“Como eleitos de Deus, santos e amados, revesti-vos, pois, de sentimentos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de paciência, suportando-vos uns aos outros e perdoando-vos mutuamente, se alguém tiver razão de queixa contra outro.
Tal como o Senhor vos perdoou, fazei-o vós também.
E, acima de tudo isto, revesti-vos do amor, que é o vínculo da perfeição.
Reine nos vossos corações a paz de Cristo, à qual fostes chamados num só corpo. E sede agradecidos.
A palavra de Cristo habite em vós com toda a sua riqueza: ensinai-vos e admoestai-vos uns aos outros com toda a sabedoria; cantai a Deus, nos vossos corações, o vosso reconhecimento, com salmos, hinos e cânticos inspirados.
E tudo quanto fizerdes por palavras ou por obras, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando graças por Ele a Deus Pai.”

( Colossenses cap.3 :12 a !7)

sábado, 29 de novembro de 2008

As limitações humanas...


Na foto: Gabriela Costa -portasora de Atrofia muscular

-"A maior limitação está na mente, não nos membros atrofiados do corpo.
Quem dança por dentro, rebola por fora." -

(Pastor António Francisco)
ttp://achologia.wordpress.com/

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

SOLIDARIEDADE para com o povo de Santa Catarina - Brasil


Imagem tirada da net

Há alguns dias que sigo atenta e preocupada, as notícias da tragédia das inundações, no Estado de Santa Catarina no Brasil.
Decidi postar hoje sobre isso.
Mas encontrei hoje, um post no blogue "O pensamento Voa" - da responsabilidade da minha boa amiga Neli, muito completo sobre o assunto em questão, e eu estou a publicá-lo aqui.
Faço-o pensando, que uma boa parte dos meus leitores são brasileiros e quererão portanto ser solidários.
Nós, os portugueses, que estamos aqui tão longe, poderemos interceder junto de Deus, para que a chuva pare de caír e ajude e console todas aquelas pessoas.
Mas há neste post números de contas bancárias no Brasil, onde alguem que o deseje fazer, poderá ajudar.

«Quinta-feira, 27 de Novembro de 2008

S.O.S.Santa Catarina (Copiei do Blog do Fran)

Santa Catarina passa por um momento difícil nos últimos dias.
Muitas pessoas perderam tudo, milhares estão desabrigadas e é urgente a necessidade do envio de alimentos não perecíveis, roupas, cobertores e colchões para os postos de atendimentos e coletas montados na maioria das cidades.
O número de mortos pelas enchentes pode passar de 100, segundo informações da Defesa Civil. O Estado segue em alerta para o risco de deslizamentos, alagamentos e novas enchentes.
Os municípios de Gaspar, Rio dos Cedros, Nova Trento e Camboriú declararam estado de calamidade pública por causa das fortes chuvas.
Outros oito estão em emergência: Balneário de Piçarras, Canelinha, Indaial, Nova Trento, Penha, Paulo Lopes, Presidente Getúlio e Rancho Queimado.
No total, mais de 50 mil pessoas estão desabrigadas e desalojadas.
Em Itajaí, um dos locais mais afetados pelas chuvas, a Fundação Municipal de Esportes, em parceria com a Defesa Civil, solicita doações de água potável, alimentos, remédios, material de limpeza e higiene pessoal, fraldas, roupas e cobertores, para serem entregues no Centro de Eventos da Marejada, localizado na Av. Beira Rio, em Itajaí.
A Defesa Civil Catarinense abriu contas bancárias para receber doações em dinheiro, que será destinado para a compra de mantimentos para os desalojados. Os interessados em contribuir podem depositar qualquer quantia nas contas:Banco do Brasil - Agência 3582-3Conta Corrente 80.000-7BESC - Agência 068-0Conta Corrente 80.000-0Bradesco S/A - 237 Agência 0348-4Conta Corrente 160.000-1
Mais informações podem ser obtidas nos sites www.defesacivil.sc.gov.br ou www.sc.gov.br/webimprensa ou pelos telefones (48) 40099816, (48) 32440600 ou pelo email dedccodec@ssp.sc.gov.br."
Aqueles que quiserem copiar esta postagem, sintam-se a vontade para colocarem em seus Blogs e divulgarem. Todo o apoio e solidariedade é bem vinda! Vamos ajudar! Pessoas necessitam urgentemente de auxílio, entrem em contato nos endereços e telefones acima e contribuem com o que puderem.
Deus abençoe à todos vocês!"
Postado por FRAN... "O Samurai"
Queridos e Queridas,Vamos ajudar! Ou com grana, roupas, remédios, alimentos ou simplesmente com nossas orações!Faço das palavras do Fran as minhas palavras!Quem quiser copiar para o seu blog, fique à vontade!
Beijinhos, Neli»

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Amar a Deus e ao próximo


William Adolphe Bougereau - Prayer

-"Em que tempo ou lugar será errado
amarmos a Deus com todo
o nosso coração, com toda a nossa alma,
com toda a nossa mente, e amarmos
ao próximo como a nós mesmos?" -

(Santo Agostinho)

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Soneto do amor e da morte


Foto: Farm3 static. flickr

quando eu morrer murmura esta canção
que escrevo para ti. quando eu morrer
fica junto de mim, não queiras ver
as aves pardas do anoitecer
a revoar na minha solidão.

quando eu morrer segura a minha mão,
põe os olhos nos meus se puder ser,
se inda neles a luz esmorecer,
e diz do nosso amor como se não

tivesse de acabar, sempre a doer,
sempre a doer de tanta perfeição
que ao deixar de bater-me o coração
fique por nós o teu inda a bater,
quando eu morrer segura a minha mão.

Vasco Graça Moura, in "Antologia dos Sessenta Anos"

terça-feira, 25 de novembro de 2008

A Garça boieira ou carraceiro


Garça Boieira ou Carraceiro - Foto de Adam Astor

Ontem ao fim da tarde, eu, o Gil e o Zé, fomos como habitualmente, fazer a nossa caminhada.
Andámos durante duas horas pelos campos e pelas margens da Ribeira das Jardas., olhando e prescrutando tudo á nossa volta.
Já conhecemos bem o local, porém ontem tivemos uma agradável surpresa, que foi pela primeira vez apercebermo-nos da presença de garças boieiras, ou carraceiros, nome que acho horrível para uma ave tão lindinha... como há algum tempo atrás "os entendidos" decidiram chamar-lhes.
Vimos pelo menos três, pousadas nos ramos das árvores preparando-se para dormir, ou voando por sobre o local em vôos curtos.
È provável que elas tenham adoptado aquele vale com água corrente. para seu habitat.
Alegrámo-nos muito os três com a sua presença, pois significa que para além das várias espécies ali residentes, já nossas conhecidas, agora há mais esta; e como vimos pelo menos três...há esperança de que se venham a reproduzir, o que seria óptimo.
Procedi a alguma pesquisa na net sobre elas e encontrei este texto que vos passo a apresentar.

A Garça Boieira

Ave de tamanho médio (altura 50 cm) e de plumagem branca com partes amarelo-alaranjadas (coroa, manto e peito) e bico amarelo, à distância parece toda branca. Distingue-se da garça-branca-pequena por esta ter bico preto.
A garça-boieira Bubulcus ibis, também conhecida por carraceiro, é residente em Portugal, e é fácil de encontrar alimentando-se em bandos em terrenos abertos, caminhando no meio do gado ou atrás de tractores, pois obtém o alimento (insectos, répteis e pequenos vertebrados) que estes espantam.É muito comum, habitando pastagens, lagoas costeiras, prados húmidos, arrozais, pauis, açudes e barragens.
Cria em colónias com outras garças, em caniçais, arbustos ou árvores, de Abril a Junho. Faz uma postura de 4 a 5 ovos, raramente 6. Incuba durante 22-26 dias e as crias voam após 30 dias.
As colónias mais importantes localizam-se todas a sul do Tejo, à excepção da do Paúl de Boquilobo, junto à Golegã .

(Adam Astor)

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Azenhas do Mar - Sintra - Portugal


Foto de Paulo Mateus

Tenho imenso prazer em apresentar aqui um dos lugares mais lindos do concelho de Sintra - a Praia das Azenhas do Mar.
Dista daqui de Mira-Sintra, entre 20 a 30 minutos de carro, portanto fica perto.
Tem um restaurante muito especial - A adega das Azenhas - onde para além de muita coisa boa... se come um ensopado de cabrito, que é de se lhe tirar o chapéu...

Azenhas do Mar, é uma aldeia no litoral do concelho deSintra, freguesia de Colares, desenvolvendo-se ao longo de uma ribeira/linha de água que corre para o Atlântico e quebra as arribas da costa, e na qual existiam azenhas (daí o nome), tem na base uma praia na qual existem uma piscina oceânica.
Para além do pitoresco da paisagem natural, existem nas Azenhas várias edificações de interesse, particularmente no Estilo Português Suave, nomeadamente com azulejaria nas fachadas, como é o caso da escola e a residência para o professor.
Presença em todos os roteiros turísticos de Portugal, é actualmente local de segunda habitação de muitos, sendo que a sua população residente se situa nos 800 habitantes.
Tradicionalmente, para além da actividade de moagem, havia a agricultura, com especial relevo para o vinho, e alguma pesca e recolha de mariscos (percebes, lapas.)
Da memória das gentes do mar, ficou devoção a Nossa Senhora do Mar, mas sobretudo celebra-se São Lourenço, santo padroeiro da terra e protector da vinha, cuja procissão se realiza todos os anos em Agosto, fazendo fé nos santos o povo carrega-os até à beira mar para a espectacular "bênção".
O desenvolvimento das Azenhas como estância balnear, ocorreu em meados dos anos 30, quando a 31 de Janeiro de 1930, foi inaugurada a linha do Eléctrico do Banzão até às Azenhas do Mar.

Segundo a tradição local, a inauguração esteve envolvida em grande festa, com um dos homens amantes da terra, o "Tota", a fazer com que o chafariz do Arcão deitasse em vez de água, o famoso "Vinho de Colares".
Para a produção do Vinho de Colares, cultivam-se nas Azenhas as uvas "Ramisco", que antes eram plantadas em covas no solo de areia. (para fazer os buracos, os agricultores protegiam-se com cestas de vime em torno do buraco, não fosse uma derrocada tirar a vida a alguém), para chegar ao barro húmido, covas que chegavam a ter 10 e mais metros de profundidade, e era ai que colocavam os bacelos para que dentro de anos começassem a brotar à superfície. Depois era necessário esperar mais uns bons 6 a 7 anos, guiando com carinho a vinha rente à areia, para que o calor da mesma acelerasse a maturação das uvas, em vinhas viradas ao mar, em pequenas parcelas de muros de pedra solta.

domingo, 23 de novembro de 2008

Porque hoje é Domingo (32)


Parte da assisttência ao culto do 10º aniversário da Igreja Baptista de Sete Rios.
Foto de Manuela L. Marques.

«Aqueles que creram nas palavras de Pedro foram baptizados, cerda de três mil ao todo, e juntaram-se aos outros crentes, assistindo regularmente ás reumiºões de ensino realizadas pelos apóstolos e aos cultos de comunhão e oração .
Todos sentiam profundo temor e respeito, e os apóstolos faziam muitos milagres.
Os crentes encontravam-se constantemente repartindo tudo uns com os outros, vendendo os seus bens e ajudando os necessitados.
Cada dia adoravam juntos no Templo,reuniam-se em pequenos grupos familiares para celebrar a comunhão, e tomavam as refeiões em comum, com grande alegria e gratidão, louvando a Deus.
A cidade inteira, via-os com bons olhos, e todos os dias Deus ia acrescentando ao seu número aqueles que se salvavam.»

( Livro dos Actos dos Apóstolos, cap.2:40 a 47)

sábado, 22 de novembro de 2008

A roseira das rosas cor - de - rosa


Encontrei-as por acaso.
Olhaei-as com admiração e espanto.
Fiquei em silêncio olhando-as longo tempo...
Senti que os olhos, a alma, o rosto, e todo o meu ser se abria, num desejo enorme de captar, entender, sentir e guardar, para sempre dentro de mim, toda aquela beleza, côr e esplendor!
Pensei:
Porque terá sido que o Criador as fez assim tão belas!?
Concluí:
Só pode ter sido mesmo para me alegrar e fazer feliz.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Um soneto de Alberto Caeiro


Aquela senhora tem um piano
Que é agradável mas não é o correr dos rios
mem o murmúrio que as árvores fazem...

Para que é preciso um piano?
O melhor é ter ouvidos
e amar a natureza.

(Alberto Caeiro)

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Mãe canária alimentando o filhote


Palavras para quê?
A imagem diz tudo.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

O velho Wolksvagen


Há dias, quando saí com o Gil para fotografar combóios, parámos num parque de estacionamento junto da linha do combóio de Sintra, aqui pertinho.
Nesse parque aguardava-me uma grande surpresa.
O meu olhar foi atraído por um carro muito velho e muito antigo que estava ali estacionado, já cheio de ferrugem e carcomido por ela.

Eu não queria acreditar!

Estava ali á minha frente, nem mais nem menos, do que um Wolksvagen 1300...igualzinho ao que eu conduzi em serviço, como Enfermeira Visitadora de Educação Sanitária, no longínquo ano de 1967.
Trabalhava então no Instituto Maternal, que era a instituição na altura responsável pele protecção Materno - Infantil, em Portugal continental e ilhas da Madeira e dos Açores.
Quando eram admitidas, todas as enfermeiras tinham que tirar a carta de condução que era paga pelo Instituto Maternal, imaginem!
Havia um contrato com a Escola de Condução - "O António da Escola,"(creio que ainda existe) perto da Praça do Chile, em Lisboa.
Recordo muito bem o meu Instrutor, o senhor Américo, que fumava que nem um "desalmado", ao ponto de ter os dedos que seguravam o cigarro, completamente amarelos... mas era uma excelente pessoa.
Naquela altura,há mais de quarenta anos atrás, muito poucas mulheres tinham a carta de condução; pelo que isto representava um grande avanço para as enfermeiras.
Pois é, a minha carta de condução foi tirada dessa forma, no ano de 1965, quando saí do Hospital de Santa Maria e ingressei no Instituto Maternal.

Mas depois, éramos "obrigadas" a conduzir e pegar no carro sempre que fosse preciso; o que fazia com que, para alem de Enfermeiras, fôssemos tambem motoristas...
e havia algumas, como é natural, que não gostavam nada de conduzir.

Recordo que foi uma das primeiras coisas que fizemos, a nível nacional, logo após o 25 de Abril, foi "libertarmo-nos da obrigatoriedade de ser motoristas,e as instituições competentes deram-nos razão, e fomos então "desobrigadas" de conduzir.
Foi uma vitória para a Classe.

Nesse mesmo ano de sessenta e sete, eu, ao voltar de uma viagem a Peniche, onde tinha ido fazer uma Palestra sobre Higiene Dentária num colégio particular, perto de Loures, sofri um despiste, com o Wolksvagen, choquei contra uma árvore e só não morri.. porque o meu Deus esteve comigo, mas fiquei muito maltratada. Tinha o meu filho mais velho 4 meses.
E não é que o Director do Instituto Maternal queria obrigar-me a pagar as despesas de arranjo do carro!? Tive que fazer um exposição ao Ministério da Saúde para não ter que pagar, e claro que me foi dada razão e não paguei.
Todos os dias cada enfemeira tinha que ir fazer visitação Domiciliária, ás grávidas e aos bébés e crianças que frequentavam o Dispensário.
A zona de implantação do Serviço, era dividida por áreas que eram cada uma atribuida a uma enfermeira e por isso, toda a Zona era coberta por visitação, o que era excelente.

Estas visitas foram feitas até ao 25 de Abril; depois os dirigentes superiores consideraram que as visitas eram um luxo...e deixaram de se fazer, mas eu, continuei a fazê-las a pé, ou de autocarro e fi-las até me aposentar porque as considerava muito importantes, sobretudo para as famílias mais problemáticas que eram e continuam a ser... muitas.

Ao olhar aquele carro tão antigo e tão velho, que me era tão familiar... recuei muitos anos atrás e revivi todo aquele longínquo período da história da minha vida.
Foi muito comovente.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Hà 30 anos que eles passam de mão dada


Eles eram bastante jovens quando vieram morar para Mira-Sintra.
Foi logo no princípio do Bairro, há cerca de 30 anos.
A "Revolução dos Cravos" tinha acontecido há pouco, e Portugal acabava de "acordar de um sono" de 48 anos de ditadura.
Era tempo de mudança, e havia o desejo de fazer coisas novas, coisas úteis e necessárias para o bem-estar do povo e das populações.
Eles, vamos chamar-lhe "Paulo e Margarida," eram professores do ensino secundário, especializados no ensino a Deficientes, e chegaram a Mira-Sintra integrados num grupo de gente, que tinha o sonho de fazer aqui no bairro, um Centro Especial de Apoio a Deficientes.
Foram-lhe cedidas para o efeito duas vivendas grandes aqui bem pertinho da minha casa.
Foi a partir dessa altura, que eu os comecei a ver passar de mão dada,sempre sorridentes e atenciosos um com o outro, por baixo da minha janela.
Primeiro passavam sósinhos, depois começaram a passar com uma criança, depois com duas, depois com três e depois com quatro. Sempre, sempre de mão dada.As crianças caminhabndo á sua frente, saltitando, brincando e rindo, e eles conversando e sorrindo um para o outro,de mão dada.
As crianças cresciam e eles de mão dada; as crianças ficaram grandes, adolescentes, jovens, adultos...e eles sempre de mão dada.
Hoje,tanto quanto sei, os quatro filhos estão todos formados com cursos superiores e casados, tendo ido á sua luta, vivendo noutros lados, nenhum em Mira-Sintra.
Entretanto,o "Paulo e a Margarida," com o seu grupo de trabalho, fizeram surgir em Mira-Sintra, o que é considerado o melhor e mais importante Centro de Apoio a Deficientes de Portugal.
Começaram nas duas vivendas, mas o projecto atingiu tamanhas dimensões que passado pouco tempo eles conseguiram que fosse construido um grande e muitíssimo bem apetrechado Centro, bem no coração do bairro.
Entre o muito que fazem, têm uma Escola de Formação Profissional que tem dado autonomia financeira a centenas e centenas de jovens deficientes de ambos os sexos.

Pois bem, no meio de todo este percurso de alegrias, dramas e vitórias, eis que surge a sombra negra da doença incurável, que apanha no seu laço traiçoeiro a Margarida.
Um cancro da mama vem alterar completamente o seu lindo e edificante percurso de vida, atirando-a para uma cama no hospital. onde foi submetida a cirurgia, por várias vezes, onde fez, e creio que continua a fazer, quimioterapia e radioterapia.

A última vez que falei com ela foi no café, há pouco tempo e achei-a linda como sempre, mas com um aspecto tão débil, tão fragil, que me fez pensar no pior.
Sempre delicada, sempre linda, sempre sorrindo...ela e o Paulo continuam a passar de mão dada, sempre... debaixo da minha janela.
Nunca os vi passar ou os encontrei na rua, que não fossem de mão dada, com um ar tão romântico e tão apaixonado, como se fossem um par de jovens namorados.
Há maIS trinta anos que eles passam debaixo da minha janela...sempre, sempre de mãos dadas.
Nunca em toda a minha vida encontrei um casal assim e tambem não vejo mais nenhum casal andar habitualmente de mãos dadas aqui no bairro.

Já agora, peço aos que aqui vierem que acreditam no poder da Oração Intercessória... que façam o favor de orar por a Margarida, suplicando ao Deus-todo-Poderoso e Bom, que dela tenha compaixão e salve a sua preciosa vida, para que além de tudo o mais, eu possa continuar a vê-los passar de mão dada debaixo da minha janela.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

O caco


Eu fui criança já faz muito tempo.
Mais ou menos há cerca de sessenta anos.
Nessa altura, os tempos eram outros, bem diferentes dos que vivemos hoje.
Hoje,qualquer criança, que nem precisa de ter pais ricos...tem montes de brinquedos, ás vezes... o quarto cheio de brinquedos mesmo.
Na altura não. A generalidade das crianças inventava e construía os seus próprios brinquedos, a partir de coisitas que encontrava por o caminho ou pelos campos.
Eu não era excepção.
Fazia "casinhas" no chão de uma eira, ou num canto do pátio, num degrau de uma escada, ou até no meio do caminho.
Qualquer lugar servia para a gente brincar.
Recordo que as panelas e tachos eram as caixas de pomada de calçado, vazias.
O armário da loiça, era uma pedra mais lisinha que encontrava; as sardinhas, eram as folhas de oliveira; os queijos, eram o fruto das malvas, descascados, e os pratos, eram bocadinhos de cacos que encontrava meios enfiados na terra. Eram pedacinhos de um prato ou de uma travessa ou tigela, partidos.
Sempre que encontrava um caquito "novo" ficava toda contente.Ia logo mostrá-lo ás amigas e ficava toda vaidosa, ao constatar que ninguem tinha um caco igual ao meu.
O tempo foi passando e eu fui crescendo, e aos poucos, "as casinhas" foram ficando para trás... e cada dia novas responsabilidades me eram atribuidas, como por exemplo: a escola, apanhar erva para os coelhos, regar a horta, ajudar a mãe em casa, ou ir fazer recados, para a mãe ou para alguma vizinha.
O tempo dos cacos passou.
Mas, e considero isto muito curioso, ao longo da vida e dos tempos, continuei a gostar tanto de cacos coloridos, que ainda hoje quando passeio por aí ou vou caminhar, sempre que avisto um caquito caído no chão a espreitar da terra, os meus olhos batem logo nele e tenho uma vontade enorme de o apanhar e ficar a olhar bem para ele, a observar as cores e o feitio do desenho pintado.
Quando isso acontece, o meu pensamento voa direitinho para as casinhas da infância e os tempos de menina.

Um dia destes, ao colocar um prato no armário da loica, tive a consciência de que ele ficava em situação eminente de queda... mas, lá ficou assim.
No dia seguinte, ao abrir a porta do armário com mais força, o prato escorregou e, num instante estava partido em dezenas de bocadinhos, espalhados no chão da cozinha.
Fiquei arreliada comigo mesma, pois eu fui culpada de se ter partido um belo prato de pirex branco com umas listinhas azul, verde e salmão, junto aos bordos, que fazia parte de um conjunto de meia dúzia, de um "jogo" que a minha nora Teresa e o meu filho Miguel, me ofereceram num natal há alguns anos atrás.
Lá resmunguei comigo própria, arreliei-me e fui buscar a pá e a vassoura para apanhar os cacos e colocar no lixo.
Aí, mesmo no meio da arrelia, "bateu-me" uma lembrança na cabeça, e voei seis dezenas de anos trás... e ao ver-me diante de uma fartura de cacos tão lindos, abaixei-me, peguei num, e de repente tive a sensação esplêndida de ser uma menina ainda, e ter tantos cacos lndos para brincar!
Fiquei assim por alguns momentos a olhá-los; já não estava arreliada, já não me importava com o facto de ter partido o prato; dei por mim tão calma, tão serena, tão feliz.. por ter diante de mim todos aqueles bocadinhos de um prato partido, branco com listinhas azul, verde e salmão...

Apanhei um caquito do chão, mirei-o longo tempo, e guardei-o como uma doce recordação e lembrança, das casinha do meu distante tempo de menina.
Depois de o fotografar, coloquei-o numa caixinha de recordaçõe, como se tivesse o mesmo valor de todas aquelas coisas que há tantos anos eu ali guardo.
De vez em quando, no meio do meu lidar, lembro-me do caco e vou vê-lo; tiro então uma doce conclusão:

Afinal, eu, viviana, de ssessenta e sete anos...continuo a ser a mesma criança que há dezenas de anos atrás, brincava ás casinhas e com os cacos.
Que feliz me sinto por ainda ser essa criança.
Formulo então um desejo:
Que eu seja sempre criança até ao fim dos meus dias.

domingo, 16 de novembro de 2008

Porque hoje é domingo (31)


O AMOR, O FERVOR, A HUMILDADE E A BENEFICÊNCIA

"Que o vosso amor seja sincero.
Detestai o mal e apegai-vos ao bem.
Sede afectuosos uns para com os outros no amor fraterno; adiantai-vos uns aos outros na estima mútua.
Não sejais preguiçosos na vossa dedicação; deixai-vos inflamar pelo Espírito;entregai-vos ao serviço do Senhor.
Sede alegres na esperança, pacientes na tribulação, perseverantes na oração.
Partilhai com os santos que passam necessidade; aproveitai todas as ocasiões para serdes hospitaleiros.
Bendizei os que vos perseguem; bendizei, não amaldiçoeis.
Alegrai-vos com os que se alegram, chorai com os que choram. Preocupai-vos em andar de acordo uns com os outros; não vos preocupeis com as grandezas, mas entregai-vos ao que é humilde;não vos julgueis sábios por vós próprios.
Não pagueis a ninguém o mal com o mal; interessai-vos pelo que é bom diante de todos os homens.
Tanto quanto for possível e de vós dependa, vivei em paz com todos os homens.
Não vos vingueis por vós próprios, caríssimos; mas deixai que seja Deus a castigar, pois está escrito: É a mim que compete punir, Eu é que hei-de retribuir, diz o Senhor.
Em vez disso, se o teu inimigo tem fome, dá-lhe de comer; se tem sede, dá-lhe de beber; porque, se fizeres isso, amontoarás carvões em brasa sobre a sua cabeça.
Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem.

(Epístola de S. Paulo aos Romanos 12:9 a 21)

sábado, 15 de novembro de 2008

Ver as follhas caindo


Mesmo que fique alguma coisa importante por fazer, tire um pouco de tempo para sentar-se num banco, e em silêncio, assistir ao espectáculo grandioso, das folhas das árvores caindo...

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Poema do Pôr -do -Sol


Pôr - do Sol em Mira Sintra -Foto do Gil Lemos (meu neto)
Clique em cima da foto para ver melhor



O Pôr-do-Sol traz à nossa alma
a nostalgia
duma eterna Pátria Mãe
onde ao ocaso
se segue o amanhecer
e nunca há noite
para a alma de ninguém.
E deste sentimento sublime
um sublime desejo nasce também:
que o pôr-do-sol de nossas vidas
siga o destino
do pôr-do-sol do Astro Rei.
(Milú Almeida)

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Nunes Claro, Poeta em Sintra






Pobres Rosas De Sintra


«Toma essas rosas de Dezembro, agora,
Que ao frio, à chuva, esta manhã colhi,
Elas trazem humildes, lá de fora,
Saudades da montanha até aqui.

Hão de morrer d’aqui a pouco, embora!
Em cada curva onde o perfume ri,
Trazem mais o terno duma hora,
Que um frágil coração bateu em ti.

Aceita-as pois, mas, como a vida é breve
E, um dia, perto, leve e branca a neve,
Há-de cair sobre o teu peito em flor,

(Não vá Dezembro algum murchar-te o encanto)
Deixa tu que eu te colha agora, enquanto
Tens sol, tens mocidade e tens amor.


Nunes Claro (1878-1949)

“ Médico distinto e poeta de rara sensibilidade. Só deixou um livro de versos, “Cinza das Horas”, e um poema . «Oração à Fome», dedicado a Guerra Junqueiro.
O mais ficou disperso.
Foi também um «pai dos pobres».
No Parque Municipal está gravado na pedra um belo soneto deste médico-poeta
Ali também, tendo como plinto uma rocha, está um busto do poeta, em bronze, da autoria do distinto escultor Anjos Teixeira(filho )"

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

A cruz no meio do campo


Em Portugal não é raro, ao passearmos pelo campo ou viajarmos por o país fora, de repente, os nossos olhos cairem em cima de uma cruz de pedra colocada no meio do campo, rodeada de ervas e arbustos.
Geralmente todas elas têm um aspecto de quem já está ali há muito, muito tempo, pois evidenciam o efeito dos elementos naturais, sol, vento, chuva,calor e frio.
A pedra está escura.
Desde criança que estas cruzes sempre mexeram com a minha curiosidade, e recordo que quando perguntava a alguem porque é que elas estavam ali, sempre me respondiam com hipóteses, nunca com uma certeza.
A explicação era, que possivelmente ali teria morrido alguem, geralmente assassinado, ou então que alguem que por ali andaria a trabalhar as terras, tivesse tido uma visão de algo sobrenatural.
Era então colocada uma cruz de pedra como um símbolo, uma memória do acontecimento, para o registar e perpetuar.
Mas o que é muito curioso é que hoje, aos 67 anos, e depois de pela vida fora ter visto muitas cruzes dessas, eu continuar a vê-las e a olhá-las, precisamente da mesma maneira, com a mesma curiosidade e o mesmo sentimento que tinha quando era criança.
E quando acontece, que alguma das que eu conheço é retirada para, por exemplo, fazer uma urbanização no local, eu entristeço-me e fico com muita pena, mas a tendência é mesmo essa, a pouco e pouco elas irem desaparecendo.
Fico a pensar:

O que é que farão com elas?
Será que simplesmente vão para o entulho?
Se assim é, é de lamentar.


terça-feira, 11 de novembro de 2008

Hoje em Portugal celebra-se o dia de S: Martinho


Castanhas assadas


Castanhas


Castanheiro


Hoje, 11 de Novembro, toda a gente em Portugal sabe que é o Dia de S. Martinho, e qualquer família que se preze come castanhas assadas, e bebe um bom copo de água pé, que é um vinho de baixo teor alcoólico feito a partir do bagaço ao qual se juntou água; ou de jeropiga que é um vinho doce fraco.
As escolas promovem magustos onde as crianças comem castanhas e têm uma programação alusiva ao dia. Geralmente faz-se uma festa muito bonita que as crianças apreciam muito.
O dia de S. Martinho, é uma tradição muito antiga, que tem a ver com uma lenda, que conta que um dia, um soldado romano cavalgando no seu cavalo, num dia frio e chuvoso, encontrou um mendigo á beira da estrada a tremer de frio, e compadecido, com a espada, rasgou a sua capa em duas partes e ofereceu uma delas ao mendigo para se agasalhar.
Diz ainda a lenda, que logo imediatamente a chuva e o frio cessaram e raiou um sol radiante;
daí o chamar-se a estes dias, antes e depois do S. Martinho, o "Verão de S. Martinho".
Estou a olhar da janela e verifico que o céu está bem azul, e o sol já está aí luminoso e quentinho. È muito curioso, mas o que é certo é que todos os anos nesta altura há uns dias que parecem de verão.
Este é o lado bonito do dia S. Martinho, porque depois há o outro aspecto menos bom e até bastante negativo, que é o facto de muito boa gente, aproveitar este dia para se "emborrachar" e fazer cenas pouco agradáveis, o que é de lamentar.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

A centenária Ragna Martin


Ragna Martin

Norueguesa com 102 anos escreve sem óculos.

« Vive em Portugal há mais de quatro décadas
Nasceu na Noruega, casou em Inglaterra, mas é em Portugal, onde está radicada há mais de quatro décadas, que Ragna completa 102 anos.
Apesar da idade ainda mantém a vitalidade de anotar na agenda o que faz cada dia. Todos os dias.
Foi há quarenta anos que Ragna Martin trocou a sua Inglaterra adoptiva, e a Noruega natal, por uma quinta em Afife, Viana do Castelo.
Hoje, passa os dias aos cuidados da Residencial Mirante, em Areosa, sempre "bem-disposta" e "vaidosa", explica quem a conhece melhor.
Em quarenta anos em Portugal, a língua foi, e continua a ser, o único entrave. Apesar de perceber a língua lusa, comunica num inglês "aportuguesado".
Mostra-se uma mulher feliz por estar viva e admite que o segredo da longevidade poderá estar na "facilidade como se adaptou às várias culturas, dos diferentes países" por onde passou.
Com 102 anos, são também muitas as memórias, assim como as saudades que diz sentir da Noruega. "Adoro Portugal e os portugueses. São boas pessoas e entendem bem quem vem de fora, não fazem muitas perguntas", brincou.


Ragna Martin nasceu em Halden, na Noruega, a 11 de Novembro de 1906 e frequentou o curso de Fisioterapia na Suécia. "Éramos quatro amigas e só eu consegui entrar para a universidade, isso mudou a minha vida."
Depois de formada foi trabalhar para a Alemanha e acabou por casar, em 1944, com um inglês. Durante os anos da Segunda Guerra Mundial trabalhou para a BBC, em Londres, como tradutora. "Fazia a tradução para a Inglaterra das notícias da Noruega", explicou Lill Bobone, uma das sobrinhas, também de ascendência norueguesa mas radicada em Portugal há 46 anos.


Em 1964, Ragna viaja para Portugal para ajudar um dos dois irmãos a cuidar de uma quinta, em Ponte de Lima. Acabou por ficar "maravilhada" com o Alto Minho e decidiu comprar um terreno em Afife, Viana do Castelo, onde construiu a casa na qual viveu até 2006.
"Viveu nesta casa durante mais de trinta anos e nunca quis voltar à Inglaterra ou à Noruega", afirma a sobrinha.
O actual quarto de Ragna no lar onde se encontra está recheado de fotografias e memórias.
Viúva há mais de dez anos e com dois filhos, Ragna mantém uma lucidez invejável, o que lhe permite conversar com os sete netos e dez bisnetos que regularmente a visitam, assim como os dois filhos e alguns amigos que vêm de propósito de Inglaterra para vê-la.
Aos 102 anos não dispensa o cabeleireiro, o pó-de-arroz ou o bâton e a sua lucidez chega ao ponto de estar sempre acompanhada de uma pequena agenda onde, sem ajuda de óculos, anota tudo o que faz ao longo de cada dia.
Amanhã, Ragna assinala o 102.º aniversário com uma festa organizada pela Residência Mirante, na companhia de três dezenas de familiares e amigos.»

(Paulo Julião - Diário de notícias)

PARABÉNS RAGNA - MUITOS ANOS DE VIDA!

domingo, 9 de novembro de 2008

Porque hoje é domingo (30)


Oração pela vitória nas lutas

“Que o Senhor te ouça quando estiveres na angústia.
Que o Deus de Jacob te proteja.
Que te envie o seu socorro desde a sua santa morada, em Sião.
Que ele se lembre de todas as tuas ofertas e que aceite os teus sacrifícios em sua honra.
Que te dê o que deseja o teu coração e cumpra os teus planos.
Havemos de nos alegrar com a tua vitória, e em louvor do nome do nosso Deus levantaremos as nossas bandeiras.
Assim o Senhor responda aos teus pedidos.
Eu sei que o Senhor salva o seu ungido.
Ele o ouvirá desde o céu, desde a sua santa casa, e responderá com a força salvadora da sua mão.
Há quem confie em exércitos e em armamentos, mas nós afirmaremos a nossa confiança total no nome do Senhor nosso Deus.”


(Salmo 20)

sábado, 8 de novembro de 2008

A Liberdade


Imag.olhres,com

-"A Liberdade é dura como o diamante e delicada como a flor do pessegueiro." -

(Ghandi)

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Pobre caracol!


O meu neto Gil é um amante de fotografia.
Comprou recentemente uma nova máquina fotográfica, já bastante evoluida, com a qual tira belas fotos..
Como bom "fotógrafo amador" que é, geralmente, sempre que sai de casa, leva a máquina consigo," para o que der e vier".
Há dias, fomos fazer a nossa caminhada do entardecer, e quando já voltávamos para casa, ele reparou num caracol, ou caracoleta, que se arrastava pelo chão com a casa ás costas.
Imediatamente escolheu o melhor ângulo para o fotografar.
Quando chegámos a casa e ele colocou as fotos no computador e foi visualizá-las, chamou por mim para ir ver qualquer coisa.
Então, como eu já vejo um pouco mal, ele ampliou a foto e mostrou-me uma quantidade de pequenos bichinhos pretos agarrados ao pobre caracol.
Eu que vejo caracóis desde pequenina... nunca tal tinha visto, e por isso fiquei espantada.
Tive uma pena imensa do caracol, pois muito provávelmente, os bichinhos não estariam "a fazer coisa boa"!.
A não ser, na melhor das hipóteses que estivessem apenas aproveitando a boleia!
Mas não, creio que não, e para onde eles iriam? Qual seria o seu destino?
Pobre caracol! Ainda se ao menos ele tivesse uma "mão ou uma pata" para se coçar... como fazem os gatos para expulsar as pulgas... mas não.. creio que ele não tinha mesmo como se livrar dos parasitas.

Coitado!

Se repararem bem na foto, vão ver que parece que o pobre está mesmo até com ar infeliz.

Para verem melhor os "bichinhos" cliquem em cima da foto e ampliem.
Nota: será que alguem me sabe explicar que bichinhos são estes e o que faziam ali?
Eu agradecia imenso.


quinta-feira, 6 de novembro de 2008

CARINHO - precisa-se


Aqui em casa há vários dicionários de português, desde o mais moderno ao mais antigo.
È curioso que o eu recorro quase sempre ao mais antigo que é da autoria de Fernando J. da Silva, editado pela Livraria Simões Lopes, no ano de 1955.Nele procurei o significado da palavra carinho, e encontrei o seguinte:

Carinho : Afago; meiguice; carícia; ternura; Amor; mimo; cuidado.
Tudo palavras lindas, que ao serem pronunciadas soam muito bem.
No entanto, creio que não me engano se disser que estas palavras, são cada menos escritas e menos pronunciadas á medida que a humanidade avança.Elas são palavras com VALOR, que quando postas em prática mais valiosas ainda se tornam.
Acontece que muitos dos valores considerados fundamentais e importantes, e que serviram de base á construção dos relacionamentos, das famílias e da sociedade, a pouco e pouco vão sendo rejeitados e deixados para trás, como imprestáveis.
Outros valores substituiram estes.
E por isso, os relacionamentos, as famílias e a sociedade, chegaram ao ponto que estão hoje, onde vale tudo, tudo serve para fazer mal ao outro, para o prejudicar, para o fazer sofrer, para o destruir se necessário.De vez em quando, algumas vozes se levantam a chamar a atenção para este gravíssimo problema, que poderá levar o mundo para situações dramáticas e terríveis, de onde poderá já não haver retorno;porém essas vozes não são ouvidas nem tidas em conta, e chega-se ao ponto de se zombar dos seus anunciadores.

CARINHO PRECISA-SE!

È urgente, e tão necessário como o pão para a boca.

Todos precisam de carinho!
Ninguem pode viver sem ele!
Podem disfarçar... mas serão infelizes.
O carinho ajuda a desenvolver e a valorizar a pessoa humana.Quando acarinhada e amada, ela desabrocha como um flor, e então, para alem de se sentir feliz e realizada, como pessoa humana, pode ainda ser uma benção para os outros e para a humanidade.

Tambem os animais precisam de carinho.
Dói o coração ao vê-los abandonados e maltratados vagueando pelas ruas, como que sorrindo para quem passa, suplicando que o adopte, que o queira.
A natureza, bela, criada por Deus, precisa de ser olhada e tratada com carinho.
Por não o ser... já se fizeram e continuam a fazer tantos estragos, que são uma lástima.

Hoje, proponho aqui neste cantinho, a todos os que aqui vierem, para partir-mos para UMA CAMPANHA de valorização e divulgação do CARINHO!

E para começar-mos bem...que sejamos os primeiros a pô-lo em prática.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

A avó do Presidente Barack Obama


Na foto: Barack Obama com os avós maternos

Barack Obama é o 44º Presidente dos Estados Unidos da América.

Ao ler o texto em baixo, acerca da morte da avó materna de Barack Obama, apercebi-me da enorme, e fundamental importância desta avó, na vida deste grande homem.

Ele disse dela:"Ela era a pedra angular da nossa família."
"A nossa dívida para com ela, não tem limites."

Meditei sobre isto, e concluí que O Deus - Criador, na sua imensa sabedoria e amor, ao criar a mulher, dotou-a desta capacidade enorme de amar, de se dar, de se anular a si própria em favor dos outros, de perdoar, de se alegrar com as vitórias dos seus familares, de ser exemplo, e depois... partir alegre e feliz, ciente de que cumpriu a sua missão, e deixou uma doce memória e uma inesquecível lembrança na vida e coração daqueles que Deus lhe deu como família.

A morte da avó de Barack Obama

«A avó de Barack Obama, Madelyn Dunham, morreu na véspera da eleições Americanas, no Havai. Antes de sucumbir, durante o sono, a um cancro, a senhora votou pela internet, antes ainda da abertura das mesas eleitorais. O voto vai contar.
Kevin Cronin, que chefia as eleições no Havai, já garantiu que o voto de Madelyn Dunham vai ser contabilizado. A avó de Obama, acamada, votou por correspondência, informaram as autoridades. E, esse voto, singular e único, será contabilizado como todos os outros votos feitos por correspondência, dado que Madelyn Dunham está viva à altura em que o voto foi confirmado.
Amanhã, cerca de seis horas após o fecho das urnas em território continental americano, quando fecharem as mesas de voto no Havai, o voto de Madelyn Dunham simbolizará mais do que apenas um voto em Obama.
No último comício da campanha, o candidato democrata à presidência dos EUA comunicou a notícia da morte da avó aos milhares de apoiantes que o acompanharam em Chicago, estado de Illinois, do qual é Senador.
"É com grande tristeza que anunciamos que a nossa avó Madelyn Dunham se extinguiu em paz depois de ter lutado contra um cancro", declarou Obama num comunicado conjunto com a irmã, Maya Soetoro-Ng. "Ela era a pedra angular da nossa família", acrescentam o candidato e a irmã.
"Ela era a pessoa que nos encorajou e nos permitiu realizar-nos", prosseguiram. "Ela estava orgulhosa dos seus netos e bisnetos e deixou este mundo sabendo que a sua obra sobre todos nós é significativa e duradoura. A nossa dívida para com ela não tem limites", disseram.
O mês passado, Obama interrompeu a campanha eleitoral durante um dia e meio para se deslocar ao Havai, para estar à cabeceira da avó materna, que ajudou a criar o jovem Barack Obama depois da morte da mãe, vítima de cancro.
A mãe e avós maternos de Obama são brancos originários do Kansas, centro dos Estados Unidos, mas Obama, actualmente com 47 anos, passou grande parte da infância no Estado norte-americano do Havai, arquipélago no Oceano Pacífico.
"Quero ter a certeza de que não cometo o mesmo erro duas vezes", afirmou Obama, em entrevista difundida recentemente pela televisão CBS, numa alusão à mãe, vítima de cancro, que morreu aos 53 anos, antes de Obama a poder ver uma última vez.»

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Estados Unidos da América


Os olhos do mundo estão hoje colocados nos Estados Unidos da América.
O que acontecer hoje ali, terá influência nos quatro cantos da Terra.
Por isso é preciso que seja escolhido o homem certo.
Sejamos solidários.
Oremos hoje pela América, intercedendo, para que seja o Deus Poderoso, Senhor do céu e da terra, a dirigir o voto de cada um dos americanos.

QUE DEUS ABENÇOE A AMÈRICA.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

O Cavador - Poeta - Cantor - José Fernandes Badajoz






Ontem, como habitualmente faço, fui á Casa da Cultura de Mira-Sintra, assistir a um concerto apresentado pela Orquestra Ligeira da Sociedade Recreativa e Musical, de Almoçageme - Sintra.
Fiquei impressionada com a beleza da letra e da música de uma canção,apresentada por um dos membros do grupo.
Desconhecia-a por completo, nunca a tinha ouvido cantar.
No final do espectáculo, dirigi- me ao cantor e depois de o felicitar, perguntei-lhe se acaso tinha uma letra que me pudesse ceder, porque eu tinha gostado muito dela.
Com pena, disse-me que não tinha, mas passou então a explicar-me que ela era da autoria de um homem chamado José Fernandes Badajoz, o poeta - cantor - cavador do Mucifal, que é uma aldeia pertinho de Sintra.
Contou-me que foi um homem extraordinário, com uma voz belíssima e um dom muito especial para apoesia e a música.


Convidado por José de Oliveira Cosme, de Almoçageme, tambem muito célebre, que era um excelente músico e escritor, Badajoz, apresentou as suas músicas no Rádio -Clube - Português, durante cinco anos, e percorreu toda a zona de Sintra e muitos recantos de Portugal, cantanto e encantando todos os que o ouviam.
Em pouco tempo tornou-se bastante conhecido e a sua obra e a sua voz grangearam-lhe admiração e estima.
Quisesse ele, e tinha tido uma óptima possibilidade de singrar nesta área do espectáculo.No entanto, ele preferiu trocar essa carreira promissora, pela sua amada aldeia e pela enxada com que trabalhava a terra.
Pesquisei ma net acerca sa sua pessoa e encontrei bastantes referências a este Artista - cavador.
Fiquei encantada.
Não resisto a publicar aqui neste cantinho, o que encontrei a seu respeito.
A ideia, é não só prestar-lhe uma singela homenagem, como tambem torná-lo conhecido, assim como a sua obra, que tanto significado tem para os naturais do Mucifal e tambem para aqueles que residem nas terrinhass á volta de Sintra.


«Não tendo conhecido José Fernandes Badajoz, é difícil escrever alguma coisa que não fosse já dita, ou escrita sobre este filho ilustre da freguesia de Colares ,ainda hoje tão lembrado com saudade pelas gentes do Mucifal. José Fernandes possuidor de uma óptima voz, interpretava os seus poemas e as sua músicas, animando festas de beneficência , carnavais, e as marchas populares desta freguesia. Abandonando uma carreira musical que poderia ter-lhe trazido muito sucesso, preferindo manter-se ligado à sua terra.

Em artigo publicado na revista "Sintra Regional", Graça Pedroso ,que o conheceu pessoalmente presta um Tributo ao Poeta e Cavador, “De uma coerência invulgar, foste herói como poucos quando, já estrela da rádio e admirado pelos maiores artistas da época, optaste pela família e pelas tuas raízes, trocando o conforto e as mordomias dessa outra vida pela simplicidade da tua vida e da nossa comunidade.”
Tendo um LP gravado , que na contracapa responde à pergunta –Quem é José Fernandes?” (...)José Fernandes deixa-se de tal modo seduzir pelo campo que nem a ARTE com todo o fascínio, consegue arrancá-lo do seu Mucifal.Dá-se integralmente ao campo e à sua magia.Nos seus poemas que os abriga e os embala como a mãe, presente sempre a vida simples, pura e e honrada do CAVADOR, o seu primeiro POEMA, o seu POEMA de sempre, a sua Bandeira, o seu Hino, o seu Sol até ao último dia.”»

O Cavador

Mal que rompe a madrugada
Ponho ao ombro a minha enchada
Vou para o campo trbalhar.
È assim a minha vida
Porque gosto desta lida
Nunca a poderei deixar.
Quem no campo labutar
È que sabe avaliar
O que custa a nossa arte
Quem o trabalho conhece
Vê que o cavador merece
Elogio em toda a parte.

Refrão

O pobre trabalhador
Passa a vida atribulada
Desde manhã ao sol - pôr
A puxar pela enchada.
Sempre, sempre a trabalhar
È assim nosso viver
Se não podemos ganhar
Já não temos que comer.

Há quem diga pr supor
Que o pobre trabalhador
È rude e não sabe nada
Que é uma ideia embrutecida
Pois somente leva a vida
A puxar pela enchada.
Sabemos compreender
Que é bonito saber ler
E que é bom ser educado
A sorte é que nos ilude
Mas não tem nada ser rude
Para ser homem honrado.

Letra: José Fernandes Badajoz
Música: Duarte Machado



domingo, 2 de novembro de 2008

Porque hoje é Domingo (29)


Porque em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados; perseguidos mas não desamparados; abatidos mas não destruidos; trazendo sempre, por toda a parte, a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus se manifeste, tambem nos nossos corpos (II Epístola de S. paulo aos Coríntios 4:8 a 10)
Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz, para nós um peso eterno de glória mui excelente;não atentando nós nas coisas que se vêm, porque as que se vêm são temporais, e as que se não vêm são eternas.
Porque sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos de Deus um edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos cèus. (II Epístola de S. Paulo aos Coríntios 4:17 a cap. 5:1)

«Não te prendas aos valores materias (vers. 17)

Não te deixes encantar por coisas que não têm valor real, permanente. Procura olhar para além do que é efénero, para compreenderes como o Senhor trabalha na tua vida e o que Ele quer de ti.
Não permitas que a "imagem" do mundo te impeça de veres o que verdadeiramente importa, os valores eternos do Reino de Deus e da sua justiça.

Não podemos escapar á marcha dos anos!
Reconhecemos isso quando as letras do jornal são cada vez mais pequeninas; quando precisamos de estar sempre a pedir ás pessoas para repetirem o que disseram; quando na rua temos que acompanhar alguem que parece correr em vez de andar...
È verdade: já não somos os mesmos de tempos atrás!
Entretanto, o apóstolo Paulo lembra-nos que, embora vamos enfraquecendo físicamente, algo, em nós, funciona no sentido inverso: estamos a ser renovados, dia a dia pela graça e poder de Deus.

Quando errares, fixa o teu olhar em Cristo em vez de inventares desculpas.
Se foi nos negócios que falháste, coloca Jesus na direcção da tua empresa: se tens problemas de relacionamento, faz de Jesus o teu Amigo e Conselheiro. se o teu casamento vai mal, submete-te ao Senhor e torna-O o alicerce do teu lar.»

(extraído da Revista -Lições da Escola Bíblica Dominical da A.I.B P.)

sábado, 1 de novembro de 2008

O PoetaTeixeira de Pascoaes nasceu há 131 anos


O Poeta Teixeira de Pascoaes nasceu faz amanhã 131 anos (2/11/1877).
Descobri-o faz pouco tempo, e desde então elegi-o como meu poeta preferido, ao lado de Miguel Torga.
Não o publico aqui com mais frequência, dada a extensão dos seus poemas.
Hoje mesmo publicarei aqui apenas uma pequena parte de um famoso poema -A Elegia da Solidão, a fim de que os amigos que por aqui passarem, possam conhecer um pouco mais deste homem que marcou a história da Poesia Portuguesa.


Teixeira de Pascoaes

A 2 de Novembro de 1877, nasceu em Amarante Teixeira de Pascoaes.
Dois anos mais tarde, a família muda-se para a Casa de Pascoaes situada na freguesia de São João de Gatão, nos arredores de Amarante. Será neste solar setecentista que Teixeira de Pascoaes habitará a maior parte da sua vida e onde virá a morrer, a 14 de Dezembro de 1952.
As primeiras colaborações poéticas de Pascoaes, no jornal A Flor do Tâmega, datam de 1894 e Embryões, o seu primeiro livro e o único que será repudiado pelo autor, é publicado um ano mais tarde, aos 18 anos.
Em 1896, Teixeira de Pascoaes matricula-se no curso de Direito, na Faculdade de Coimbra, publicando durante esses anos, entre outros livros, Belo, À Minha Alma, Sempre e Terra Proibida.
Em 1906, no Porto, Teixeira de Pascoaes começa a exercer advocacia, profissão de que se ocupa apenas até 1913, ano em que abandona a cidade e fixa definitivamente a sua residência em São João de Gatão. Durante os anos de vivência no Porto, Pascoaes havia publicado, por exemplo, Vida Etérea, Senhora da Noite e Marânus.
Os anos de 1912 a 1921 são marcados pela direcção da revista literária A Águia, órgão do movimento da Renascença Portuguesa, pela publicação do seu primeiro livro em prosa, Verbo Escuro, do ensaio A Arte de Ser Português, de O Bailado, entre outras obras. 1928, data de publicação de Livro de Memórias, marca a transição de Teixeira de Pascoaes da poesia para a prosa e o início de uma série de biografias: São Paulo (1934), São Jerónimo (1936), Napoleão (1940), O Penintente - Camilo Castelo Branco (1942) e Santo Agostinho (1945).

Em Portugal, a obra de Pascoaes é lida com entusiasmo e admiração pela elite intelectual da época, desde Pessoa a Sá-Carneiro, Mário Cesariny e Alexandre O’Neill, António Maria Lisboa e Eugénio de Andrade, Pedro Oom e Mário Henrique Leiria.
Durante este período muitas das obras de Pascoaes são dadas a conhecer a leitores estrangeiros, tornando-se o escritor português mais traduzido e sendo louvado por escritores como García Lorca e Unamuno.


- ELEGIA DA SOLIDÃO -

a Fernando Maristany

O incendio do sol-pôr exala um fumo rôxo
Que ás cousas vela a face...
A macerada flôr da solidão renasce;
O seu perfume é fria e branda magua,
Bruma que já foi agua...
Todo sombra e luar esvoaça o môcho;
Uma nuvem enorme, ao longe, no poente
Desvenda o coração que se deslumbra
E abraza intimamente...
O silencio a crescer, é onda que se espalha...
Sente-se vir o outomno; é já noitinha, orvalha...
Nos êrmos pinheiraes gemem as _noitibós_
E vultos de mulher, sumidos na penumbra,
Passam cantando, além, com lagrimas na voz...

Ó tristeza do mundo em tardes outomnaes!
Longinqua dôr beijando-nos o rôsto...
Crepusculo esfumado em intimo desgôsto,
Bôca da noite acêsa em frios ais...
Aparição soturna, vaga imagem
Do mêdo e do misterio...
Que solidão escura na paisagem!
Tem phantasmas e cruzes,
Tem ciprestes ao vento e moribundas luzes,
Como se fosse um grande cemiterio.

Olho em volta de mim, cheio de mêdo... Tudo
É morta indiferença, espectro mudo!
É o Verbo original arrefecido
Em fragaredos brutos convertido;
Extinto _Fiat Lux_, cadaver que fluctua
No ceu nocturno e fundo...
As almas que partiram d'este mundo
Voltam na luz da lua.
São phantasmas em neve amortalhados,
Eternamente tristes e calados...
São sonhos esvaidos, nevoa fria,
Perfis de fumo e de melancolia...
Vagas formas de imagem ilusoria
Que a lua merencoria
Molda em penumbra e cêra
Na noite transparente de chimera.

E todavia eu sinto
Um acordar de instinto,
Um palpitar de viva claridade
Em cada cousa obscura...
O aroma d'uma flôr quem sabe se é ternura?
A noite não será phantastica saudade?
A deusa que semeia estrelas no Infinito
E corôa de lagrimas divinas
A extatica tragedia das ruinas,
Toda em versos de marmore e granito?
Misteriosamente
Sobe da terra um sonho transcendente;
Emanação de mistica tristeza,
Como o fumo d'um lar
Que tem, junto do fogo, alminhas a rezar.

Mas, ai, a Natureza,
Reservada e offendida, afasta-se de nós!
E na sua mudez arrefecida
Congela a minha voz...
Um silencio mortal separa-me de tudo!
E como a sombra tragica da vida,
Vou pelo mundo além;
Enorme espectro mudo,
Monstruosa presença de ninguem!
Vivo sósinho e triste, assujeitado
Ao meu phantasma errante e desgraçado,
Em ermos de abandono;
Ermos de Portugal,
Onde a alma do sol divaga com o outomno
N'um sempiterno idilio sepulcral.

Sou nada, e quero ser!
Quero ser tudo, e eu! Quero viver
A vida misteriosa...
Interrogo o silencio e a noite rumorosa
De sombras e segredos...
Contemplo comovido os astros e os penedos,
E fico a ouvir as fontes n'um eterno
Queixume que ergue a voz durante o negro inverno!
Passo horas a aspirar o aroma d'uma flôr;
Sombra que eu vejo em pétalas de côr
Esparsas, ondeantes,
Nas virgens claridades madrugantes.
E a pura sensação que me domina,
É qual longinqua Apparição divina
Que me seduz e afaga...
E de estrela em estrela é alma que divaga...
Quantas vezes me sento á beira d'um abismo,
Sobre escarpados blócos;
E em mim perdido scismo...
E ouço apenas cair nos tenebrosos fundos,
As lagrimas de luz que vêm dos outros mundos
E a neve do silencio em negros flócos.

Absorvo-me na noite e no misterio;
Erro, ao luar, em êrmo cemiterio,
Sob as azas geladas do _nordeste_;
Interrogo na vala a sombra do cipreste
Rumorosa d'um funebre desgosto,
Com gestos espectraes ás horas do sol-posto...
E n'um doido, febril deslumbramento,
Vejo-me sepultado em pensamento
E durmo, durmo, durmo a Eternidade...

...