Dr. José Hermano Saraiva-
o grande comunicador
José Hermano Saraiva morreu esta sexta-feira de manhã aos 92 anos,
confirmou o produtor dos programas televisivos do historiador, José
António Crespo.
O assistente do produtor dos programas da Videofono feitos por José
Hermano Saraiva, "História Essencial de Portugal" e "A Alma e a Gente",
adiantou à Lusa que o historiador morreu em casa, em Palmela, distrito
de Setúbal.
Creio poder afirmar, sem faltar á verdade, que Portugal está de luto.
Não sei se haverá um português por esse país fora que não conheça e não admire este grande historiador que escreveu, explicou e comunicou, a história de Portugal como nenhum outro. Mostrou-nos Portugal de lés- a- lés. A forma linda, única e entusiasmada como nos falava e apresentava o que é Portugal e a sua marcante história, prendia-nos e cativáva-nos.
Há muito tempo que aprendi a respeitá-lo e a admirá-lo e considero uma enorme perda para o país e para todos nós, a sua partida.
Ficará decerto gravado na nossa memória e nos nossos corações.
Numa entrevista recente ele disse isto:
"Nos últimos tempos não tenho tido muita saúde, mas quando um filho chega e me aperta a mão, eu sinto o fluxo da vida a correr dele para mim."
Achei lindo.
Teve cinco filhos e confessou ter pena de não ter tido mais.
Neste dia do seu funeral , junto-me aos muitos que o choram e lamentam a sua partida, estando ciente de que o Senhor Deus - Soberano, dono da vida de cada um de nós, na sua misericórdia e sabedoria, achou por bem chamá-lo á sua presença. A Ele, toda a glória, adoração e louvor.
Eis alguns dados sobre José Hermano Saraiva:
Nascido em Leiria, a 3 de Outubro de 1919, começou os
seus estudos na cidade natal. Ingressou mais tarde na Universidade de
Lisboa, onde se licenciou em Ciências Histórico-Filosóficas, em 1941, e
em Ciências Jurídicas, em 1942.
Começou a sua carreira como
professor, acrescentando depois ao seu currículo a advocacia. Entrada
depois na política durante o Estado Novo, tendo em 1957 sido deputado à
Assembleia Nacional e procurador às cortes. Ainda antes do 25 de Abril
assumiu os cargos de procurador à Câmara Corporativa e ministro da
Educação, entre 1968 e 1970, cargo no qual foi substituído por Veiga
Simão após a crise académica de 1969. Em 1972 passaria a a ser o
embaixador de Portugal em Brasília.
Depois do cargo diplomático,
José Hermano Saraiva iniciou uma colaboração com a RTP em 1971 que se
manteve até hoje. Primeiro com “Horizontes da Memória”, depois com
“Gente de Paz”, “O Tempo e a Alma”, “Histórias que o Tempo Apagou” e “A
Alma e a Gente”.
Um dos seus livros mais conhecidos é a “História
concisa de Portugal”, já na 25.ª edição, com um total de cerca de 180
mil exemplares vendidos. Editado pela primeira vez em 1978, este título
foi já traduzido em espanhol, italiano, alemão, búlgaro e chinês.
José
Hermano Saraiva dirigiu também uma outra História de Portugal em seis
volumes, publicada em 1981 pelas Edições Alfa. Na área da História, José
Hermano Saraiva publicou perto de 20 títulos, entre eles “Uma carta do
Infante D. Henrique”, “O tempo e alma”, “Portugal - Os últimos 100
anos”, “Vida ignorada de Camões” ou “Ditos portugueses dignos de
memória”.
O historiador foi distinguido com a Grã-Cruz da Ordem
da Instrução Pública, a Grã-Cruz da Ordem do Mérito do Trabalho, a
Comenda da Ordem de N. S. da Conceição de Vila Viçosa e a Grã-Cruz da
Ordem de Rio Branco (Brasil).
Ficou no 26º lugar no concurso da RTP os "Cem Grandes Portugueses", ganho por António Oliveira Salazar.»
( http://www.publico.pt)