O Dr. Henrique Medina Carreira. Fonte da imagem: https://www.publico.pt
Com uma semana de atraso, homenageio, hoje, aqui neste humilde espaço, este grande homem português, que serviu Portugal em vários cargos, onde, de uma forma bem visível- para quem queira ver - deu o seu imenso saber, com uma total entrega, para ajudar o seu país, que muito amava e respeitava.
Eis a notícia da sua morte:
«Segundo fonte ligada à família, Medina
Carreira, que nos últimos tempos se destacou no programa televisivo
"Olhos Nos Olhos", da TVI, morreu no hospital onde se encontrava
internado há cerca de um mês.
Henrique
Medina Carreira era nos últimos anos uma das vozes mais acutilantes em
relação às opções políticas e em particular à estratégia financeira do
país, que governou no I Governo Constitucional.
Nascido
em Bissau em 14 de janeiro de 1931, Medina Carreira aprendeu a ler e a
escrever aos quatro anos, com o pai, que lhe ensinou também "o rigor no
dinheiro" e a assumir responsabilidades desde muito cedo.
Medina Carreira era licenciado em Direito,
tinha bacharelato em Engenharia Mecânica e uma licenciatura em
Pedagogia, tendo começado o percurso profissional como professor técnico
de matemática e empregado de escritório no setor metalúrgico, que
acumulava com o estudo de Direito, que só concluiu em 1962.
A partir de 1964, começou a dedicar-se ao exercício da advocacia, sobretudo Direito Fiscal, e ao estudo da fiscalidade.
Após
o 25 de Abril, foi nomeado administrador, por parte do Estado, do Banco
Internacional Portugal e, de outubro de 1975 a julho de 1976, foi
subscretário do Orçamento no executivo provisório de Pinheiro de
Azevedo, tendo desde logo alertado várias vezes para a situação
financeira do país.
Foi já como
ministro das Finanças - pasta que assumiu entre julho de 1976 e janeiro
de 1978, em governos presididos por Mário Soares - que liderou as
negociações com Fundo Monetário Internacional (FMI) com vista à obtenção
de um empréstimo de 750 milhões de dólares.
Em
entrevista ao "Jornal de Negócios" em 2009, Medina Carreira recordou
que ser ministro das Finanças era "um lugar melindroso", porque "todos
os dias se negava dinheiro às pessoas. É um lugar de combate e de grande
antipatia nas decisões".
"Não era uma
atração ser ministro das Finanças. Num país rico e próspero, deve ser
agradável", disse, o que não era de todo o caso de Portugal naquela
altura e foram as divergências em relação às opções político-partidárias
que o levaram a demitir-se no II Governo do PS, partido de que era
militante desde 1973.
A par da sua
carreira profissional, foi membro do Conselho Superior dos Tribunais
Administrativos e Fiscais, membro do Conselho Fiscal da Fundação
Oriente, vice-presidente do Conselho Nacional do Plano, vogal do
Conselho de Administração da Expo'98, presidente da Comissão de Reforma
de Tributação do Património (nomeado por António Sousa Franco),
presidente da Direção da Caixa de Previdência dos Advogados e
Solicitadores e vogal eleito do Conselho Superior da Companhia de
Seguros Sagres.
Nos últimos anos,
Medina Carreira fazia-se acompanhar - nas participações em debates e
televisivas - com estatísticas e gráficos que atestavam o galopar dos
gastos públicos e da dívida de Portugal, criticando opções dos
sucessivos governos.
Na entrevista
publicada pelo Jornal de Negócios em 2009, Medina Carreira dizia não ter
medo da morte, mas "da maneira de morrer".
"Defendo
que desde a nascença devíamos ser portadores de uma ampola com cianeto
de potássio. (...) Acho que devíamos ser senhores do nosso fim. Não
devíamos discutir eutanásia e testamento vital: era uma ampolazinha de
cianeto de potássio. Mas isto é doutrina que nunca pegará, como é
óbvio".
Medina Carreira, morreu hoje
num hospital em Lisboa, aos 86 anos, vítima de doença prolongada, disse à
Lusa fonte ligada à família.»
( http://www.jn.pt/ - o3/07/2017)
Nota pessoal:
Foi com surpresa que soube da sua morte. Ainda há tão pouco tempo - algumas poucas semanas - eu acompanhei a sua participação no programa televisivo semanal, onde ele era figura proeminente. Cada semana nos apresentava algum ilustre convidado que regra geral enriquecia o conteúdo programático.
Fiquei triste pela sua morte, mas, por outro lado alegrou-me o facto de, dada a causa da morte, que habitualmente acarreta meses ou anos de bastante sofrimento e consequente incapacidade, não ter sofrido mais.
Creio que o Dr. Medina Carreira ainda tinha muito para dar ao seu país e aos portugueses. Porém, como mulher cristã que sou, aceito e respeito a total soberania de Deus, sobre o tempo da partida de cada um de nós. Aprendi há muito, que o tempo de Deus não é o nosso tempo. Também aprendi, pela Palavra Sagrada, que nada nem ninguém poderá alterar isto.
Lembrarei sempre o Dr. Medina Carreira como um homem bom.Um homem de saber, generoso e destemido.
Não sei se cria em Deus ou não. Por várias vezes, por certas atitudes ou palavras, pareceu-me que sim, que cria em Deus. Eu gostava muito que assim fosse, para poder pensar que o Dr. Medina Carreira descansa agora nos ternos e amorosos braços de Deus.
Muito obrigada! Dr. Medina Carreira por ser a pessoa exemplar que era, e por tudo o que fez com total entrega por o nosso querido Portugal.
Desejo, e oro, que o Senhor de toda a consolação e amor, esteja com os seus familiares e os encoraje e conforte neste tempo de dor e saudade.