terça-feira, 4 de dezembro de 2007

O meu amigo Jùlio


O meu amigo Julio tinha 68 anos e vivia em Maceira - Pero Pinheiro.No ultimo sábado por volta das duas da tarde, foi com o cunhado trabalhar na horta, como era hábito e como ele gostava muito de fazer, pois reformou-se e entregou "a oficina aos filhos".Cerca das 16 horas preparava-se para voltar para casa e estava de pé, falando com o cunhado dizendo-lhe que ele tinha que trabalhar mais devagar, pois não era preciso "andar a correr", quando dá dois passos em frente e cai de rosto no chão fulminado por uma síncope cardíaca.E assim se foi o meu amigo Julio.

Ainda há pouco tempo, quando eu e o Jorge fazíamos o nosso passeio matinal, na Segueteira, um lugar rústico e belíssimo, e onde ele tinha uma propriedade numa zona de paisagem protegida, a qual ele comprou para que não saísse da posse da família, pois tinha pertencido ao seu avô, ele convida-nos para entrar e ver o que ele tinha feito com o local.Então foi-nos mostrando uma a uma as plantas, as flores, as árvores , o abrigo construido para se proteger da chuva e do sol, a "casa de banho", com água canalizada, a nascente de água que ´fornece a fonte da Segueteira que data de 1774, enfim, tanta coisa interessante e que para ele eram muito importantes.Gostei de ver tudo mas o que mais me impressionou foi a varidade de àrvores plantadas por ele. Desde castanheiros, amendoeiras, figueiras, larangeiras nespereiras, pera abacate, manga, papaia , eu sei lá, todas as árvores que ele conhecia ele plantou. E as flores... todo o tipo e varidade de rosas - tinha uma de cor branca , enormes e belíssimas, das quais pedi para me dar no inverno - que é quando se plantam - uma hastes para pôr no meu jardim. Sardinheiras ou malvas, como alguns chamam de todas as cores e formas.Quando nos apresentava cada árvore, cada flor, cada planta, era impressionante o carinho com que o fazia...tudo aquilo era tão importante para ele...Fez tudo aquilo há cerca de 5 anos, portanto tudo está ainda a crescer e a desenvolver-se.Depois mostrou-nos a horta onde havia entre outras coisas muitas courgetes, grandes como eu nunca vi; .às tantas apanhou uma enorme e ofereceu-nos tendo-a eu, já em casa, cortado ao meio e repartido com a minhaEsperança. Despedimo-nos agradecendo-lhe muito por tamanha gentileza e consideração para conosco.E sabem que mais? ao fim da manhã foi a nossa casa lá na aldeia levar-nos batatas, cebolas, alhos e tomates, tudo da sua horta. De um dia para o outro o meu amigo Julio foi embora; mas eu guardo dele uma linda e doce recordação, e hei-de ir, se Deus quiser, muitas vezes olhar as suas árvores, as suas flores, as suas courgetes vê-las crescer e desenvolverem-se.

1 comentário:

Flora Maria disse...

Sensibilizei-me com a história do seu amigo, amante das plantas, assim como eu.
Lembrei-me do meu avô Adelino, que voltou para Portugal e construiu uma boa casa e um maravilhoso jardim com flores e hortaliças...
Beijo