segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Recordando Francisco Rodrigues Lobo e a nostálgica cidade de Leiria


Vivi uma parte da minha infância e juventude na bela cidade do Lis - Leiria.
Como é natural, vêm-me á lembramça com frequência, muitas e gratas recordações desses bons tempos.Hoje lembrei-me da Praça Francisco Rodrigues Lobo, onde na altura era feita a Feira dos Cereais.E assim, em homenagem a esse grande poeta e filho da terra, que dá o nome á praça, decidi publicar aqui um dos seus muitos e belos poemas.

Francisco Rodrigues Lobo (1579-1621) é um dos mais importantes discípulos de Camões. Tendo sido influenciado por Gôngora, é considerado o iniciador do Barroco na literatura portuguesa. Era de uma família de cristãos-novos, formou-se em Direito na Universidade de Coimbra, não se conhecendo quaisquer cargos públicos que tenha exercido. Morreu afogado numa viagem de barco que fazia entre Santarém e Lisboa. A nível poético, escreveu romances bucólicos, éclogas e sonetos Éclogas, Primavera, Condestabre e O Pastor Peregrino). Em prosa escreveu a Corte na Aldeia (1619), que é uma colecção de diálogos didácticos sobre preceitos da vida na corte. Esta obra reflecte a frustração da nobreza portuguesa pelo desaparecimento da corte nacional sob a dominação filipina.

CANTIGA

Descalça vai para a fonte,
Leanor pela verdura;
Vai fermosa, e não segura.

A talha leva pedrada,
Pucarinho de feição,
Saia de cor de limão,
Beatilha soqueixada;
Cantando de madrugada,
Pisa as flores na verdura:
Vai fermosa, e não segura.

Leva na mão a rodilha,
Feita da sua toalha;
Com üa sustenta a talha,
Ergue com outra a fraldilha;
Mostra os pés por maravilha,
Que a neve deixam escura:
Vai fermosa, e não segura.

As flores, por onde passa,
Se o pé lhe acerta de pôr,
Ficam de inveja sem cor,
E de vergonha com graça;
Qualquer pegada que faça
Faz florescer a verdura:
Vai formosa, e não segura.

Não na ver o Sol lhe val,
Por não ter novo inimigo;
Mas ela corre perigo,
Se na fonte se vê tal;
Descuidada deste mal,
Se vai ver na fonte pura:
Vai fermosa, e não segura

(Francisco Rodrigues Lobo)

8 comentários:

Anita disse...

Amigos são como as flores no jardim da vida.
Começam com a semente da confiança, regada com lágrimas e sorrisos e crescem com lealdade e amor.
A sua amizade faz o meu jardim muito mais bonito.
Obrigado.
Beijos.
Fique bem. Fique com Deus.
Um abençoado 2010
Anita (amor fraternal)

Flora Maria disse...

Vim agradecer por ser minha mais nova seguidora !

Adorei a poesia, e achei muito interessante não entender várias palavras - apesar de ser na nossa língua portuguêsa !

Feliz 2010 !
Beijo

Viviana disse...

Olá querida Anita

Que alegria voltarmos a "encontrar-nos!"

Tão lindinhas as palavras que aqui deixou!...

Obrigada.

Um grande abraço

viviana

Viviana disse...

Olá Flora

Que bom vê-la aqui!

Tambem acho este poema muito belo.

Reparei também no português...

Muito ao jeito daquele tempo.

Um abraço

viviana

renato disse...

Olá, Viviana!

Francisco Rodrigues Lobo, traz-me a lembrança dos meus tempos de estudante onde, na época, éramos "obrigados" a ler este autor!

Só mais tarde tive o prazer de apreciar a sua bela escrita! Então "Descalça vai para a fonte" é belissimo!

Adorei, também, recordar os meus tempos em Leiria, quando prestava serviço militar (cerca de 3,5 meses) na bela cidade do Lis, serviço prestado no Castelo de Leiria, lá bem no alto!

Um abraço e obrigado por trazer estas belas recordações!

Renato

Jhacy disse...

Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim. (Chico Xavier)
Te desejo um ano novo ricamente abençoado!!!!!

esperança disse...

Boa noite minha querida e doce maninha. Tomara que estejas mais aliviadinha desse terrível ataque de psoríase.

Ah! Maninha! Como me lembro da" Praça Rodrigues Lobo " ( era assim chamada, nem sabia do Francisco)
Quanta memória...Quanta vivência boa...Quantos sabores... quantos cheiros e perfumes... De tudo e mais alguma coisa. O Rio, a Senhora da Incarnação, o Castelo mais lindo de Portugal, minha paixão. O Quartel 7, o Quartel 4. O 4 era o do Castelo, onde esteve o teu amigo Renato. Havia montes de rapazes todos os anos, era uma festa para os olhos e para o coração, Foi lá que conheci o meu João Pedro. E também tu, lá conheceste o teu Jorge. Uma infinidade de magnificas recordações....
Com tanto rapaz... eram montes de piropos... e assobios... Lembras-te ? Se te lembres!!!...Até puseram um embrulho no teu cesto. Nunca mais te lembraste, aposto. Hoje não há nada disso, não se ouve um piropo

Ai flores, ai, flores de verde pino.

Beijinhos
Esperança

renato disse...

Cara "Maninha" Esperança!

Era sim! Eu estive no R.A.L.4!

Como bem refere, Leiria também era terra de belissimas moças, que faziam as delicias dos militares, só de olharem para elas!

Um abraço,

Renato