domingo, 26 de setembro de 2010
Amadora - a velha Porcalhota
Conjunto residencial anexo à Quinta do Assentista.
Esta parte da Porcalhota não está muito diferente do que era há 50 anos.
A actual estação dos caminos de ferro da Amadora.
Vivi e trabalhei muitos anos na Amadora. É numa das suas freguesias - a Venteira - que fica a Igreja Baptista das Boas Novas, no Bairro do Borel, á qual pertenço, e onde o Jorge, meu marido, é Pastor.
Daí, ter decidido dar aqui algumas dicas sobre esta terra e a sua história.
«Ora, então como é que a Porcalhota se tornou Amadora, sobretudo como é que apareeu aquele topónimo tão bizarro? E, depois como é que os coelhos aparecem nesta lenda? Se formos a Pinho Leal, ficamos a saber que Porcalhota é diminutivo de porcalha, significando leitoa. Em meados do século dezanove, esta terra pertencia a Benfica. Não eram mais de 359 casas e uma ermida a nossa senhora da Conceição da Lapa. E havia Porcalhota de Cima e Porcalhota de Baixo, separadas por uma calçada. Pois a origem lendária da Amadora remonta ao século catorze, á Poralhota, que é o núcleo populacional mais antigo do espaço da actual Amadora. Esse topónimo procedia do dono destas terras, Vasco Porcalho, que também era alcaide de Vila Viçosa. Na crise de 1383/1385, este fidalgo, como muitas outros da velha nobreza portuguesa, apoiou D. João de Castela como rei legítimo, o que mais tarde o obrigou a fugir do reino. Herdou-lhe as propriedades a filha, fidalga, a quem as gentes chamavam a Porcalhota! Ficou a zona a chamar-se Terras da Porcalhota. Convenhamos, com Delfim Guimarães, que se tratava de um nome "mal sonante" e "arreliador"! Mas, atenção, tudo o que aqui se conta é do foro da lenda, hem!
O século dezoito fez da Porcalhota uma zona de lazer da aristrocacia sediada em Lisboa. Aqui se multiplicaram pequenos palácios em quintas de recreio. Mas, de repente, surge a verdadeira lenda desta povoação que se ia compondo como um puzzle - chama-se Pedro dos Coelhos. E para a escrever nada melhor que Julio Cesar Machado que a divulgou aqui mesmo no diário de notícias: "Há tanto tempo que aquela casa amanha os coelhos com proveito e glória que, em o dono da locanda indo chamá-los ao pátio, já eles vão por si mesmo formar em linha e oferecer as orelhas para levar o piparote e morrer. Lê-se na parede "Antiga casa do belo petisco do coelho:" O trem pára em frente, á sua porta vêm-se sempre mendigos. De um lado tenda e balcão, do outro uma nesga de caminho para a cozinha; ao fundo uma porta para o quintal e outra para a casa onde se come. Na cozinha, uma velha, uma corcundinha e um rapagão esbelto e ágil." Júlio Cesar Machado era um gastrónomo e quando pincelava prosas assim não se lhe podia ir á mão porque decerto acabava de comer uma refeição de lenda!
O Pedro dos Coelhos é a mais lendária figura da Amadora e o seu prestígio pede meças aos grandes cozinheiros da não menos grande Lisboa! Bastará chamarmos a testemunhar Mendonça e Costa que, em 1887, mas páginas da revista Ocidente, narrava que determinado indivíduo das bandas de Sete Rios, comia em casa coelho em todas as refeições, por imposição da mulher. Ora farto daquilo, mudou-se para a Porcalhota e calhou-lhe sentar-se á mesa do Pedro dos Coelhos. Diz o cronista, que o conheceu, que nesse dia o coelho soube-lhe a pouco!
Pedro Franco se chamava o Pedro dos Coelhos e terá nascido nos primeiros anos do reinado de dona Maria II, falecendo com sessenta e tal anos, em 1906 ou 1907. Mas desde que enviuvara já não era o mesmo. Mas se morreu o homem, ficou a sólida lenda.»
In - Lendas de Portugal
Viale Moutinho - Diário de Notícias)
8 comentários:
A melhor amizade é aquela que o vento não leva, a poeira não suja, o fogo não queima e o mais importante: a distância não separa.
Como eu digo sempre, quando aqui entramos saímos bem mais ricos.
Obrigado Viviana por mais esta lição sobre a Amadora.
Um dia maravilhoso querida e doce amiga.
Beijinhos.
Fique bem. Fique com Deus.
Anita (amor fraternal)
Bom amiga!
Que seja belo e alegre teu despertar.
Que nele encontre todas as coisas
bonitas desta vida.
O canto dos pássaros.
O perfume das flores.
O sorriso de uma criança.
A pureza de um olhar.
O calor de um amor.
E que teu coração mantenha sempre
a porta aberta, para receber tudo de
bom que a vida te reserva!
beijooo.
Grato pela partilha desta interessante história.
Abraço.
Pois, parece-me que o melhor de tudo é a Igreja Baptista das Boas Novas, mesmo na porcalhota.
Lição interessante.
Beijos,
Mimi
Querida Anita
Concordo, amiga.
Essa é a verdadeira amizade.
Grata pelas suas palavras...
Um beijo
viviana
Querida Ana linda
Sei que é muito sincero esse seu bom desejo para mim!
Emociona-me, até, amiga.
Que Deus a abençoe e lhe conceda muitas alegrias
Um grande abraço
viviana
Olá Manuel
Seja bem vindo, pós férias!
Desejo que tudo tenha corrido bem.
Um beijo
Viviana
Olá querida Mimi
A minha amiga conhece bem a Amadora...
Realmente,também acho que é muito bom que exista a Igreja Baptista das Boas Novas.
Um beijo
Viviana
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