segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Memórias de Infância - Um poema de Edite C. C. Pereira

 Foto  da Viviana

MEMÓRIAS DE INFÂNCIA

O combóio a apitar
e a nora a chiar,
com o burro indolente
esperando impaciente
que o pusessem à solta,
cansado de tanta volta.

As vaquinhas a mugir,
olhos meigos  a pedir
só um pouco de atenção.
E o Fera? Aquele cão
Atrevido barulhento,
Mas também tão ternurento!
 
Os bois mansos e  possantes,
enormes, deselegantes,
pelo amarelo suado
de puxarem o arado
desde cedo, todo o dia
debaixo do sol que ardia.

O cavalo orgulhoso,
elegante e teimoso,
a mula velha, cansada,
sempre tão contrariada,
não queria passear,
preferia descansar.

O carneiro que balia
e o porco que grunhia,
galinhas cacarejavam
também os gatos miavam.
Pessoas que se moviam,
que trabalhavam, corriam...

O pão a sair do forno
e comido ainda morno,
com doce que a avó fazia
Ah!  Que bem que nos sabia!
E que mistura de odores!
O pão, a fruta e as flores...

Se eu pudesse voltar
atrás, àquele lugar,
aqueles tempos distantes
mesmo só por uns instantes...
Ter de novo aquela idade
e matar esta Saudade!
 
(Edite C.C. Pereira)
No livro  - Lágrimas e Sorrisos

2 comentários:

dilita disse...

Muito terno muito bonito!
Memórias duma infância bela vivida entre afectos. A avó, colocando o doce na brôa mole, a vida da aldeia, aquela ruralidade sã com animais, frutos e flores, estes versos retratam o conjunto tão bem que nos parece existirem ao nosso alcance visual.
Não conheço a Poetiza, fiquei a conhecer.Obrigada Viviana.
Beijinhos.

Viviana disse...


Querida Dilita

É lindo, sim!

Esta "senhora" é uma amiga minha, enfermeira como eu, mas que casou com um pastor e deixou de exercer a enfermagem para colaborar com o marido, que...por sua vez...compôs dos mais belos hinos cristãos...
E, canta a solo...que dá gosto ouvi-lo.
Bons e fieis servos do Senhor.

Um abraço, minha boa amiga
Viviana