segunda-feira, 29 de dezembro de 2008
Esta é a cidade - um poema de António Gedeão
Rua Augusta - Lisboa
Esta é a Cidade, e é bela.
Pela ocular da janela
foco o sémen da rua.
Um formigueiro se agita,
se esgueira, freme, crepita,
ziguezagueia e flutua.
Freme como a sede bebe
numa avidez de garganta,
como um cavalo se espanta
ou como um ventre concebe.
Treme e freme, freme e treme,
friorento voo de libélula
sobre o charco imundo e estreme.
Barco de incógnito leme
cada homem, cada célula.
É como um tecido orgânico
que não seca nem coagula,
que a si mesmo se estimula
e vai, num medido pânico.
Aperfeiçoo a focagem.
Olho imagem por imagem
numa comoção crescente.
Enchem-se-me os olhos de água.
Tanto sonho! Tanta mágoa!
Tanta coisa! Tanta gente!
São automóveis, lambretas,
motos, vespas, bicicletas,
carros, carrinhos, carretas,
e gente, sempre mais gente,
gente, gente, gente, gente,
num tumulto permanente
que não cansa nem descança,
um rio que no mar se lança
em caudalosa corrente.
Tanto sonho! Tanta esperança!
Tanta mágoa! Tanta gente!
(António Gedeão)
4 comentários:
Amiga desejo-lhe uma linda semana, cheia de paz e luz, faça o bem, doe carinho, conte sempre com o amor de Deus, nosso criador.
Amiga tenho tido alguns problemas na net e por isso não tenho vindo com mais regularidade.
Desejo-lhe um ano de 2009 cheio de realizações e bençãos.
Muitos beijinhos com sabor a champanhe.
Fique bem. Fique com Deus.
Anita (amor fraternal)
Querida Anita,
Que bom este re-encontro!
Dou muitas graças a Deus por ele.
Agradeço de coração todos os seus bons desejos para mim...
Obrigada por tanto carinho e amizade, minha boa amiga.
Tenha uma noite tranquila.
um abraço
viviana
Lisboa !!!
Maninha muito querida.
Que bom que lembraste a minha Lisboa de outras eras, tão bela ! tão cheia de vida ! como um formigueiro em actividade ! Onde à tardinha as meninas iam ao Chiado passear para mostrar os seus vestidos e os seus penteados. Não só elas, mas todo o mundo ia à Baixa, eu também; ia ás compras, via as montras, qual delas a mais bonita.No fim lanchava, geralmente na Nacional, comia uma bola de Berlim, que tinham uma passa da uva dentro, e bebia um galão.
Que saudades...daquele tempo ! Daquela Lisboa menina e moça, princesa do Tejo; que saudades da minha juventude tão linda!
Bem diz o poeta: Tanto sonho ! Tanta esperança ! Tudo o que vivi, nos meus 70 anos, valeu a pena
Olá minha linda maninha Esperança,
A tua Lisboa!
Dizes bem!
Há tantos nos a morar aí...
Das idas e passeios á baixa para ver as montras e lanchar na Nacional!
Se me lembro...
Lembro-me de contigo e o teu João Pedro e o Waddel irmos passear e lanchar no Chiado...
Lembro-me das mulheres a vender raminhos de violetas...para os namorados oferecerem ás namoradas...
Tanta coisa bonita!
Hoje tudo é diferente.
Quem é que se aventura a ir passear á baixa á noite?
Com a criminalidade que por lá...
Enfim! São outros os tempos.
Um beijinho
viviana
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