segunda-feira, 12 de abril de 2010
Lendas de Portugal - A sopa de pedra
Imagem da net.
A lenda que corresponde a Almeirim tem a particularidade de ser das raras cuja repercussão atravessou o tempo e ainda hoje nos senta á mesa, água na boca, colher na mão para um saboreio a preceito. Seja, trata-se de uma festa mitográfica carregada de actualidade. Eis, pois, a sopa de pedra e a respectiva receita. Especialidade desta terra, a lenda enquadra-se num frade que tinha tanto de esfomeado - e não de comilão como por aí se diz - como de imaginativo.
Andava o frade no seu peditório e foi bater ao portão de um lavrador, onde esperava matar a fome. Porém, o lavrador era demasiado avarento e nada lhe quis dar. Não perdendo a bonomia, o frade disse:
- Bem, então vou ver se faço um caldinho de pedra...
Dito isto, baixou-se, pegou numa pedra, deitou-a fora, depois noutra, até que encontrou uma que pareceu agradar-lhe. O lavrador e a mulher, que entretanto acudira, observaram-no com atenção. A princípio, o casal riu-se, mas o frade encarou-os e perguntou:
- Nunca comeram caldo de pedra, pois não? É um petisco de truz!
Curiosos, os lavradores dispuseram-se a apreciar. Então, ele pediu-lhes emprestado uma panela de barro, que encheu de água e nela meteu a pedra bem lavada.
- Se me deixassem pôr isto a coser aí á lareira...
E quando a panela começou a chiar, o frade comentou:
- Com um pedacinho de unto, ficava um primor!
Veio o unto. Depois pediu sal para matar o enssosso.
- Com um nadinha de chouriço é que isto ganhava graça!
Depois pediu feijão encarnado, umas batatinhas, e tudo ia para a panela, onde saía um cheiro de aguçar o apetite a um morto. Os lavradores, aparvalhados, apreciavam o cozinhado e o frade lambia os beiços.
- E ficará bom? - perguntava o lavrador.
- Não se nota só pelo cheiro? - respondia o frade.
A mulher do lavrador anotava tudo num papel, que não conhecia a receita.
O frade tirou a panela do lume e serviu-se numa malga que também lhe emprestaram. Em três malgas bem saboreadas, o espertalhão despejou a panela.O lavrador e a mulher foram espreitar e viram a pedra no fundo.
- E a pedra, ó fradinho?
- Ora, a pedra...lavo-a e vai no alforge para servir outra vez...
Receita para 8 - 10 pessoas:
1 litro de feijão encarnado; 1 orelha de porco; 1 chouriço de sangue e outro de carne; 150gr de toucinho entremeado; 750gr de batatas, 2 cebolas, 2 dentes de alho; 1 folha de louro; coentros, sal e pimenta.
Demolhar o feijão umas horas, se fôr duro. Escaldar e raspar a orelha e cozê-la com o resto em muita água. Temperar. Se fôr preciso, acrescentar-lhe água a ferver. Quando a carne cozer, retirar e meter na panela as batatas aos cubinhos e coentros picados. Ao retirar a panela do lume, juntar.lhe a carne aos cubinhos e uma pedra bem lavada, que também deve ir na terrina de servir.
(In - Lendas de Portugal - Viale Moutinho)
7 comentários:
Amigos são flores... são flores plantadas ao longo do nosso caminho para que saibamos encontrar Primavera o ano todo!
Oh Viviana aqui a sopa da Pedra de Almeirim é uma maravilha.
E está tão pertinho aqui do Cartaxo.
Acho uma graça é que todos os restaurantes dizem ser eles que têm a melhor sopa da pedra...
Um inicio de semana abençoado.
Beijinhos com aroma de flores do campo.
Fique bem. Fique com Deus.
Anita (amor fraternal)
Não venho comentar mas venho sim fazer uma coisa muito mais importante,venho visitar a minha amiga especial Viviana assim como o fiz com a Ematejoca das mais antigas (não em idade, mas em antiguidade na blogosfera),tenho andado com muita coisa que fazer, ou melhor em que pensar, por isso andar mais longe, mas nunca dos corações.
Beijinhos e eu estou sempre presente.
Isabel
Olá, Viviana!
Que saudades de Almeirim e da sua Sopa de Pedra! Já lá vão uns bons anos que não como esta maravilha de sopa!
Foi muito boa esta lembrança, cara amiga, porque quem come uma Sopa de Pedra em Almeirim, jamais esquece!
Um grande abraço,
Renato
Querida Anita
Que palavras lindas, amiga!
São mesmo verdade!
Eu que o diga!
Acho que está na altura de ir á sopa de Pedra em Almeirim...
Um petisco.
Um beijo boa amiga
viviana
Obrigada querida Isabel!
Tão saborosas as suas palavras!, amiga.
Eu sei, eu sei o quanto me estima e me quer bem...
Creia que considero um enorme previlégio tê-la como grande e especial amiga.
Que tudo vá indo bem consigo e com a sua linda família.
beijos
viviana
Olá Renato, meu querido amigo
É verdade!
Quem come uma sopa de pedra em Almeirim...nunca mais esquece.
Eu vou lá habitualmente uma vez por ano.
Fica relativamente perto.
Mais dia menos dia, vou dar "um pulinho" lá, se Deus quiser.
Um grande abraço e uma boa terça-feira.
Viviana
Boa tarde maninha muito querida.
Boa ideia postar a sopa da pedra.Todos nós gostamos muito de sopa de pedra, vamos algumas vezes por ano a Almeirim comer a sopa no Minhoto. Temos ido algumas vezes todos juntos contigo e com os teus, e não só, como sabes, é um rico passeio...A nossa saudosa mãe também gostava muito de lá ir; é das coisas boas da vida que o Senhor nós proporciona. Aproveitamos sempre que lá vamos para trazer bom vinho branco e tinto, do "Casal Branco", aliás, quando o vinho falta, lá vamos nós, e quando do trabalho da Susana, vêm alguns estrangeiros a Lisboa ( ao Continente como eles dizem ) lá vamos nós com eles à sapa da pedra. Também quando vou apanhar as esteva aproveitamos para comer uma sopinha.
Beijos
Esperança
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