Neste tempo de crise que Portugal atravessa, cai bem esta notícia.
Claro, que sempre cairia, mas dadas as circunstâncias actuais, dá um certo consolo e é um grande estimulo para os trabalhadores portugueses.
Também não deixa de ser irónico que isto aconteça na Alemanha da senhora Merkel, pessoa que eu admiro e estimo, mas, sobre a qual ouvimos tanttas vozes se levantarem em Portugal.
A notícia não deixa de nos fazer sorrir, dada a circunstância de, actualmente ouvirmos tantos ataques ao governo português, principalmente ao Primeiro Ministro Dr. Passos Coelho, culpando-o de "mandar"? os jovens emigrarem.
Pasmo, quando recordo que há poucas semanas, aquando da saida para Londres de um grupo de jovens enfermeiros, com contratos de trabalho e excelentes condições...um jovem ter escrito uma carta de "desabafo" ao Senhor Presidente da República, num tom dramático, por ter de sair de Portugal para trabalhar; carta essa a que a comunicação social deu grande desenvolvimento e relevo como se de um "documento" importante se tratasse, e a qual os partidos da oposição usaram para atacar o Primeiro Ministro.
Enfim...
Afinal, este trabalhador português, considerado o mais eficiente no meio de 117.779 outros das 285 subsidiárias a nivel mundial, da Bayer, "ninguém o mandou emigrar", mas ele foi de sua livre e espontânea vontade porque, bem jovenzinho, logo que terminou o seu curso de engenharia, queria aprender mais e fazer coisas interessantes. Foi há onze anos...e hoje dá testemunho da sua realização pessoal e profissional, e para além de uma situação estável na vida, recebe este prémio muito especial, muito significativo que é como que o corolário da sua visão, do seu empenhamento em aprender cada vez mais e sobretudo - fazer bem - o melhor que sabe e pode.
Talvez seja interessante os jovens portugueses reflectirem e meditarem sobre isto.
Deixo aqui a notícia do Jornal Económico:
Português é o trabalhador mais eficiente da Bayer
Lino Dias, doutorado em engenharia, vive há 11 anos na Alemanha. É pai de quatro filhas e fala seis línguas.
«É o trabalhador mais eficiente da gigante alemã Bayer. Para trás deixa 111.799 colegas repartidos, literalmente, pelos quatro cantos do mundo. Com 285 subsidiárias a nível mundial, a Bayer lançou, pelo segundo ano consecutivo, um prémio que visa premiar a excelência
Surgiram 125 candidaturas. E o vencedor? Esse é português, alentejano de Portalegre. Num momento em que as relações Portugal-Alemanha já conheceram melhores dias (os portugueses não deixam de associar a palavra "austeridade" à palavra "Alemanha", ou mais concretamente ao nome da chanceler Angel Merkel), um português distingue-se naquela que é a 5ª maior empresa alemã em termos de capitalização de mercado. Um gigante que facturou, em 2011, 36,5 mil milhões de euros e que ocupa o segundo lugar no ranking das empresas químicas alemãs. Mas quem é este português?
Lino Dias é licenciado e doutorado em Engenharia Química pelo Instituto Superior Técnico. Iniciou a sua carreira na Bayer, em 2001, na área de investigação tecnológica, a chamada "central técnica", tendo começado a trabalhar directamente na casa-mãe do grupo em Leverkusen, na Alemanha. Tudo isto ainda antes de terminar o doutoramento.
Com uma carreira profissional (bem) diversificada, Lino Dias passou por áreas tão variadas como "supply chain", comunicação, "change management" e gestão de projectos em vários países da Europa, no Brasil e na região Ásia-Pacífico.
Actualmente, e desde há três anos, ocupa a posição de Global Product Manager, na sede da Bayer CropScience, um dos três subgrupos da multinacional alemã (os outros dois são a Bayer HealthCare e a MaterialScience). Tendo já recebido outros prémios dentro da empresa, Lino Dias vê agora o seu trabalho reconhecido com o prémio Bayer LIFE Award 2012 - Efficiency, um prémio Segundo declarações de Marijn Dekkers, Ceo da Bayer, "Lino Dias demonstrou verdadeiramente o significado da eficiência: gerir recursos de forma inteligente, focar em actividades que criam valor e acelerar boas tomadas de decisãoriado para distinguir um funcionário, dos mais de 111 mil em todo o mundo.
Do Alentejo para a Alemanha
Viveu em Portalegre até aos 18 anos. Foi para Lisboa. Formou-se e doutorou-se. Emigrou. Procurou oportunidades. E soube agarrá-las.
Lino Dias tinha 30 anos quando foi, pela primeira vez, notícia. "Licenciados portugueses fazem investigação para a Bayer alemã", era o título de uma notícia da agência de notícias Lusa, que dava conta da chegada de um português a Leverkusen, cidade "Bayer", na Alemanha. Na altura Lino declarava que gostava de ficar na Bayer o tempo suficiente para "aprender alguma coisa". E acrescentava "nunca menos de três, quatro anos". Hoje, já lá vão 11. Todos na Alemanha (apesar dos vários meses passados pelos corredores aéreos do mundo). Todos na Bayer.
Lino, à semelhança de muitos jovens portugueses, procurava em 2001 oportunidades de trabalho. "O meu objectivo quando terminei o meu curso era ir para o estrangeiro. Eu gostava de ter uma experiência de investigação numa indústria química. Em Portugal nessa altura a investigação que era feita, nesta indústria, era muito escassa." Foi para fora. E, "por acaso participei numa conferência científica em Praga onde apresentei o meu doutoramento". Nessa sala estava um colaborador da Bayer, que também apresentou um trabalho. "Trocamos impressões e perguntei se havia possibilidade de fazer investigação na Bayer." A resposta foi "sim - é uma questão de enviar a candidatura". E Lino assim o fez. "Fiz uma candidatura espontânea. Não havia nenhum lugar disponível mas por sorte, e eu acho que há sempre sorte na vida, eles precisavam de alguém com um perfil próximo do meu e portanto fui aceite. E para um lugar permanente. Foi assim que foi o processo." Um encadear de "eventos" que o levaram a ter uma carreira profissional diversificada.
Lino Dias , que tem passado por distintas áreas do grupo, viaja, também, bastante - sendo que tem participado em vários projectos na Europa, no Brasil e na Região Ásia-Pacífico. Actualmente ocupa a posição de Global Product Manager na sede da Bayer CropScience, na Alemanha. É casado, pai de quatro filhas e adora "conhecer o mundo". Tudo numa perspectiva "triple A". É um caso de sucesso alimentado pelo primeira letra do abecedário: do Alentejo para a Alemanha, com o carimbo académico da Alameda, lugar onde fica o Instituto Superior Técnico, onde se formou e doutorou.»
Mafalda de Avelar - 23/11/2012
(http://economico.sapo.pt/noticias )