sexta-feira, 12 de novembro de 2010

As perdas irreparáveis da Aldeia Comunitária de Rio de Onor


Aldeia e Rio de Onor.Imagem da net.


Imagem da net.


Imagem da net.


Rio de Onor - Bragança - Foto- www.olhares.com/vat69

Rio de Onor é uma pequena aldeia do concelho de Bragança, no extremo nordeste de Portugal. É atravessada pelo rio com o mesmo nome, que, servindo de linha de fronteira com Espanha, divide a povoação em duas partes: uma portuguesa e outra espanhola. A população das duas partes, que vive essencialmente da agricultura e da criação de gado, desloca-se e trabalha os campos indiferentemente, quer eles se situem do lado de cá da fronteira, quer se localizem do lado de lá. Utilizando um dialecto muito próprio (o riodonorês), mantém ainda o regime comunitário na administração rural. Este regime é praticamente o único exemplo vivo do comunitarismo medieval.
(Rio de Onor. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2010)

As tradições comunitárias ainda se conservam vivas, sob a forma da posse colectiva de alguns bens - os campos, os moinhos, os rebanhos - e pelo modo de administração rural, levada a cabo por dois mordomos, designados pelo conselho, assembleia que reúne representantes de todas as famílias, os vizinhos. Outrora os mordomos eram eleitos, mas actualmente existe um esquema de rotação cíclica, de modo a que todos possam exercer as funções. De salientar que a organização social da aldeia portuguesa se conservou mais ao jeito tradicional do que a da sua gémea castelhana.
(ttp://aboutportugal-dylan.blogspot.com/2010/01/rio-de-onor-braganca.html)

Nunca visitei Rio de Onor mas ao longo dos anos tenho-me interessado por tudo quanto a ela diz respeito. Considero-a um património nacional único e valiosíssimo, daí, o meu desejo de que esta aldeia comunitária portuguesa permaneça com as suas caracteristicas que a fazem tão especial

Hoje, o que ouvi sobre ela no noticiário televisivo, deixou-me triste e preocupada.
Desapareceu o rebanho comunitário e o boi da terra. Pude ver a tristeza e a dôr reflectida nos rostos dos homens e mulheres idosos, que assim vêm tradições ancestrais do seu povo, da sua comunidade, irem irremediavelmente desaparecendo.
Contam que os rebanhos comunitários chegaram a ter mais de quatrocentas animais, e que agora muito poucos restavam e por isso decidiram cada um vender os seus. Foi apresentado um homem de cabelos brancos com as suas quatro ovelhas que decidiu manter.
Tambem o boi comunitário já não existe.
Lamentaram que os jovens tenham que partir em busca de realização pessoal, pois a aldeia pouco ou nada tem para hes oferecer.
Disseram que restam apenas cerca de noventa pessoas no total, na aldeia, praticamente todos idosos.
Custou-me muito olhar aqueles rostos e ouvir os seus desabafos.

Pergunto:
Será que não se poderiam ter tomado medidas de apoio e incentivo no sentido de preservar as tradições e apoiar as pessoas, sobretudo os jovens?
Não é uma dôr de alma assistir com indiferença ao desaparecimento de tradições comunitárias tão antigas?

Quem me dera que alguém com responsabilidade nesta área, arregaçasse as mangas e deitasse as mão á obra, e salvasse e preservasse intacto este tesouro que é a Aldeia Comunitária de Rio de Onor.

Atenção!

Se os amigos quiserem saber mais sobre Rio de Onor, vão até ao blogue da minha amiga Fernanda - Viver e Sentir - http://nanda-fernandarocmsncom.blogspot.com/
pois ela escreveu um belíssimo texto sobre o assunto e ilustrou-o com um interessante v´ideo.

10 comentários:

Fernanda Rocha Mesquita disse...

Falei agora mesmo com Eduardo sobre o que a Viviana trouxe hoje aqui. Ele ia em viagem de trabalho e fui-lhe lendo o que escreveu. Ele ficou feliz porque esta terra fica a 20km de Braganca, a cidade onde ele nasceu e cresceu. Depois ele fara um comentario sobre isso. Eu apenas posso dizer que atraves das fotos que aqui publicou e' uma aldeia lindissima, cheira a historia e muitas historias. Tambem lamento que nao haja ninguem que se debruce e lute por manter estes lugares riquissimos do ponto de vista humano.
obrigado Viviana, foi uma excelente publicacao.
boa noite
fernanda

Eduardo Mesquita disse...

Olá Viviana
Fiquei muito sensibilizado por ter falado sobre Rio de Onôr.
Realmente é uma aldeia muito bonita tipicamente transmontana, que me tras gratas recordacões dos meus tempos em que ia para lá pescar. Vista assim nas fotografias é muito bonita, mas é muito mais quando se visita na realidade. Numa das fotos, a segunda, onde se vê uma casa de pedra (são todas eu sei), eu tive a oportunidade de contribuir para a sua reconstrução, fazendo a instalaçao eléctrica, e aquela caixa do contador de energia que se vê no lado direito da porta fui eu que a instalei. Fiquei com saudades ao ver estas imagens, e com pena por todas aquelas tradições estarem a desaparecer.
Muitas vezes eu vi entrar as vacas, cada uma em seu corral, depois de virem pastar.
Ninguém as conduzia mas elas uma a uma entravam na porta que lhes pertencia.
Não perca a oportunidade de visitar esta aldeia se um dia visitar o distrito de Bragança. Vai ser surpreendida com paisagens naturais que muita gente pensa não ser possivel existirem no nosso país.
Obrigado pela lembrança.
Eduardo Mesquita

Fernanda Rocha Mesquita disse...

Olhe Viviana fiquei sensibilizada com este assunto que me atrevi a escrever sobre ele no meu blog, espero que nao leve a mal. mas eu penso que estas coisas devem ser divulgadas, quem sabe juntando vozes os que tem o poder se sensibilizem (nunca se deve perder a esperanca)
tenha um bom dia. vou dormir. ja sao duas da manha
fernanda

Unknown disse...

Excelente texto.

Beijo.

Viviana disse...

Querida Fernanda

Veja a coincidência...

O Eduardo é de lá perto!
Não fazia a mais pequena ideia, claro.

Obrigada por as suas palavras de apreço.

Estou atenta, vejo, oiço e...falo...ou escrevo.


Um abraço,amiga

viviana

Viviana disse...

Amigo Eduardo

Fou uma surpresa agradabilíssima este seu bonito comentário, creia.
Não fazia a mais pequena ideia que o Eduardo conhecia tão bem Rio de Onor.
Como diz, deve ser mesmo muito belo!
Fiz aguma pesquisa e as fotos que encontrei...eram na verdade lindíssimas e surpreendentes.
Aceito o seu desafio para dar um pulimho até lá, talvez na próxima Primavera, se Deus quiser.

Um abraço, amigo e um bom fim de semana

viviana

Viviana disse...

FErnanda

Acordei quando a Fernanda foi dormir.
Vi aqui o seu comentário e fui logo lá ao Viver e Sentir e gostei tanto, mas tanto, do que escreveu sobre Rio de Onor...


Obrigada por o ter feito.

Sensibilizou-me, creia.

Um beijo

viviana

Viviana disse...

Olá amigo Manuel

Estou-lhe grata por a sua apreciação.

Vindo de si...

Cai muito bem.

Um abraço e um bom fim de semana

viviana

Rosa disse...

pelo post pode-se adivinhar ser linda essa aldeia.
Também vi a reportagem, e é pena realmente deixarmos que desapareçam tradições, que são a forma de viver de alguns, e por outro lado nos enriquecem culturalmente.
As prioridades, essas são focadas, penso eu, apenas na capital, são mais visíveis :((

Vivivna, tenham um bom dia de Domingo.
Beijos

Viviana disse...

Olá querida Rosa

Considero um atraso cultural não proteger e preservar o que de belo e importante, herdámos dos nosso antepassados, como país, como nação.

Também desejo que o seu Dia do Senhor...seja bonito e abençoado.

Beijos para todos nessa linda família

Viviana