Tenho uma sede imensa,
Mas não é de água…
Mas não é de água…
Tenho uma sede imensa de beber
Os soluços do Sol quando declina,
As carícias azuis do Luar de Agosto
Os tons rosa da Tarde que se fina…
É que eu seria poeta, se os bebesse…
Não mais seria o cego de olhos limpos;
Esse que viu a água e a não tocou,
Pelo estranho pudor da sua boca
Que um dia blasfemou.
E, se eu pudesse beber
Esses longes de mim, que vejo e quero,
Em espasmos havia de os mudar
E, num desejo nunca satisfeito,
Iria possuir-te, ó Mar!
Havia de cair, num beijo sobre ti;
Despir as minhas vestes de serrano,
Tirar de mim aquilo que é humano,
E confundir-me em ti.
Gritem depois, embora, que eu morri;
Alegre o Mundo o alívio do meu peso;
- que um dia o Sol há-de surgir mais cedo
E o bom menino de olhos azuis,
De quem sou um arremedo,
Há-de nascer, ó Mar, da nossa noite de Amor!
E tu, Menina que eu chamava,
Menina que eu chamava e encontrei
Mas abrasada no amor divino
- tu hás-de ver então que o Céu que idealizas
Mas não é de água…
Mas não é de água…
Tenho uma sede imensa de beber
Os soluços do Sol quando declina,
As carícias azuis do Luar de Agosto
Os tons rosa da Tarde que se fina…
É que eu seria poeta, se os bebesse…
Não mais seria o cego de olhos limpos;
Esse que viu a água e a não tocou,
Pelo estranho pudor da sua boca
Que um dia blasfemou.
E, se eu pudesse beber
Esses longes de mim, que vejo e quero,
Em espasmos havia de os mudar
E, num desejo nunca satisfeito,
Iria possuir-te, ó Mar!
Havia de cair, num beijo sobre ti;
Despir as minhas vestes de serrano,
Tirar de mim aquilo que é humano,
E confundir-me em ti.
Gritem depois, embora, que eu morri;
Alegre o Mundo o alívio do meu peso;
- que um dia o Sol há-de surgir mais cedo
E o bom menino de olhos azuis,
De quem sou um arremedo,
Há-de nascer, ó Mar, da nossa noite de Amor!
E tu, Menina que eu chamava,
Menina que eu chamava e encontrei
Mas abrasada no amor divino
- tu hás-de ver então que o Céu que idealizas
È o olhar azul desse menino
( Sebastião da Gama)
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