Tendo citado aqui, há dois dias atrás, o poema «Vozes de Animais», achei por bem publicá-lo, a fim de o tornar – caso ainda não seja – bem conhecido, pois acho que tem muito interesse.
Trata-se de uma linda composição poética, da autoria do erudito professor do século XIX, Pedro Dinis, que foi director da Biblioteca Nacional.
Encontra-se num livro da Escola Primária publicado em 1885.
Em 1948 o poema constava do meu livro de leitura da 3ª classe.
Nessa altura sabia dizê-lo todo de cor. Hoje, passados quase 60 anos ainda o sei praticamente todo.
Palram pega e papagaio,
E cacareja a galinha;
Os ternos pombos arrulham;
Geme a rola inocentinha.
Muge a vaca; berra o touro;
Grasna a rã, ruge o leão;
O gato mia; uiva o lobo;
Também uiva e ladra o cão.
Relincha e nitre o cavalo:
Os elefantes dão urros;
A tímida ovelha bala;
Zurrar é próprio dos burros.
Regouga a sagaz raposa;
(brutinho muito matreiro)
Nos ramos cantam as aves;
Mas pia o mocho agoureiro.
Sabem as aves ligeiras
O seu canto variar;
Fazem gorgeios ás vezes,
Às vezes põem-se a chilrear.
O negro corvo crocita;
Zune o mosquito enfadonho;
A serpente no deserto,
Solta assobio medonho.
O pardal daninho aos campos,
Não aprendeu a cantar;
Como os ratos e as doninhas,
Apenas sabem chiar.
Chia a lebre; grasna o pato;
Ouvem-se os porcos grunhir,
Libando o suco das flores,
Costuma a abelha zumbir.
Bramam os tigres, as onças;
Pia, pia, o pintainho;
Cucurica e canta o galo;
Late e gane o cachorrinho;
A vitelinha dá berros;
O cordeirinho vagidos;
O macaquinho dá guinchos;
A criancinha vagidos.
A fala foi dada ao homem,
Rei dos outros animais:
Nos versos lidos acima,
Se encontram em pobre rima,
As vozes dos principais.
( Pedro Dinis)
Trata-se de uma linda composição poética, da autoria do erudito professor do século XIX, Pedro Dinis, que foi director da Biblioteca Nacional.
Encontra-se num livro da Escola Primária publicado em 1885.
Em 1948 o poema constava do meu livro de leitura da 3ª classe.
Nessa altura sabia dizê-lo todo de cor. Hoje, passados quase 60 anos ainda o sei praticamente todo.
Palram pega e papagaio,
E cacareja a galinha;
Os ternos pombos arrulham;
Geme a rola inocentinha.
Muge a vaca; berra o touro;
Grasna a rã, ruge o leão;
O gato mia; uiva o lobo;
Também uiva e ladra o cão.
Relincha e nitre o cavalo:
Os elefantes dão urros;
A tímida ovelha bala;
Zurrar é próprio dos burros.
Regouga a sagaz raposa;
(brutinho muito matreiro)
Nos ramos cantam as aves;
Mas pia o mocho agoureiro.
Sabem as aves ligeiras
O seu canto variar;
Fazem gorgeios ás vezes,
Às vezes põem-se a chilrear.
O negro corvo crocita;
Zune o mosquito enfadonho;
A serpente no deserto,
Solta assobio medonho.
O pardal daninho aos campos,
Não aprendeu a cantar;
Como os ratos e as doninhas,
Apenas sabem chiar.
Chia a lebre; grasna o pato;
Ouvem-se os porcos grunhir,
Libando o suco das flores,
Costuma a abelha zumbir.
Bramam os tigres, as onças;
Pia, pia, o pintainho;
Cucurica e canta o galo;
Late e gane o cachorrinho;
A vitelinha dá berros;
O cordeirinho vagidos;
O macaquinho dá guinchos;
A criancinha vagidos.
A fala foi dada ao homem,
Rei dos outros animais:
Nos versos lidos acima,
Se encontram em pobre rima,
As vozes dos principais.
( Pedro Dinis)
2 comentários:
BELO POEMA, MUI DIVINO !
Nada posso acrescentar
senão que de menino
De cor gostava de recitar
Este belo poema mui divino!
João Furtado
Praia, 01 de Agosto de 2009
Cabo Verde
Faz-me saudades da minha infância... Creio que, nos parênteses, onde está "brutinho" deveria ler-se "bichinho".
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