quinta-feira, 23 de abril de 2009

Uma Homenagem ao meu velho amigo Eucalipto


Flor de Eucalipto - imagem da net


O meu velho amigo Eucalipto que tombou em Fevereiro passado

Noto que em geral, as pessoas não gostam por aí além...(como se diz lá na aldeia)dos Eucaliptos.
Atribuem-lhe uma série de males que "dão cabo da natureza".
Hoje, venho em defesa deles.
Reconheço que cientificamente, nunca aprofundei o saber, no que a eles diz respeito.
Talvez um dia ainda o faça.
Mas assim "á priori", creio que eles, quando plantados em mono-cultura e em grandes extenções, prejudicam concerteza os solos, e têm outros efeitos negativos, mas aí, como acontece com tanta frequência, não é ele que deverá ser culpabilizado, mas sim o homem, na sua ganância e irresponsabilidade.
Pois quero que saibam que eu gosto muito dos eucaliptos, e vejo neles muita beleza e valor.
Encontrei na internet este poema que, se eu fosse capaz...escreveria tal e qual.
Dedico-o, ao meu velho amigo Eucalipto que "caiu" como um gigante, numa noite ventosa do inverno passado, aqui pertinho da minha casa, e do qual aqui falei.

O Poema é um pouco longo...aviso já

História de um Eucalipto

Aqui falo a meus leitores
Uma das minhas histórias
Vou buscá-la nos arquivos
Entre tristezas e glórias
Nas gavetas do juízo
Que guardam minhas memórias.

Das coisas que acontecem
No dia-a-dia da gente
Muitos fatos nem se notam
Passam displicentemente
Outros marcam nossa vida
Ficam gravados na mente.

O que vou contar agora
Fruto da recordação
É a história de um amigo
Que tive, de coração
Cresceu pé a pé comigo
Como se fosse um irmão.

Era um pé de Eucalipto
Que eu ganhei pra cultivar
Plantei ali no terreiro
Todo dia ia regar
Depois ficava pertinho
Como quem quer conversar.

Dos amigos de infância
Foi ele o mais cordial
Sempre esperando por mim
Pois pra ele era normal
Muito maior do que eu
Mas sempre me foi leal.

Pouco mais novo e franzino
Porém crescia ligeiro
Era uma admiração
Todo mundo a lhe dá cheiro
Sempre imponente e feliz
Paciente e companheiro.

Logo tornou-se gigante
Com aparência exemplar
Frondoso e exuberante
Com seus galhos a balançar
Era ouvido à distância
Com o vento a reclamar

Todo dia nos seus galhos
Se notavam por ali
Golinha, galo campina
Beija-flores, bem-te-vi
Azulão, papa-capim
Rouxinol, pitiguari.

Fazia parte da rota
Das aves que ali passavam
Que vinham do litoral
No eucalipto paravam
Cantavam canções pra mim
Nos seus galhos descansavam.

Eu subia no serrote
Ficava lhe observando
Ali olhando o cerrado
Ouvindo pássaros cantando
O eucalipto de longe
Pra mim ficava acenando.

O que nunca imaginei
Nem passou no pensamento
Era que aquela árvore
Determinado momento
Como se fosse um humano
Pudesse ter sentimento.

O eucalipto coitado
Vendo que eu tava envolvido
Com as coisas do progresso
Do mundo desenvolvido
Do trabalho e do consumo
Dele havia me esquecido.

Me esperou por muito tempo
Até que eu voltasse ali
Pra rever minha família
O lugar onde nasci
Meus amigos de infância
E o lugar onde cresci.

Eu ali admirado
Com tudo aquilo que via
Tanta antena parabólica
Onde antes não havia
Quanta criação de gado
Que ali não existia.

Me aproximei da árvore
Notei algo diferente
O dia era quente e seco
Mas ali na minha frente
Meu eucalipto chorava
Notei que estava doente.

A minha maior surpresa
Foi escutar sua voz
Olhou para mim dizendo
A sua espécie é feroz
É a escória do mundo
Da natureza o algoz

Enquanto tu viajavas
Teu destino construindo
Aqui ficou eu plantado
Terrivelmente assistindo
O homem desenfreado
O cerrado destruindo

Começou naquela mata
Que circundava a lagoa
Lá na cacimba do canto
Que dava água tão boa
Hoje tá assoreada
Foi abandonada à toa.

E a mata de João Guedes
Com tanta catandubeira
Chegou ali outro dono
Cometeu grande besteira
Diz que falou com Jesus
E derrubou a mata inteira.

Lembras daquele serrote?
A caverna e o sofá?
Que era todo de pedra
Você ia sentar lá.
Já foi tudo destruído
Que só vendo como tá.

O serrote era tão lindo
Com rochedos, animais
Hoje só resta a saudade
Porque não existe mais
Como uma boca banguela
Que nem sorrir pode mais.

Tudo ficou destruído
Por isso que eu choro assim
Lembra dos pássaros canários
Que vinham cantar pra mim
Também desapareceram
Sinto que estou no fim.

E esse vento incessante
Com quem lutei bravamente
Vive zombando de mim
Disse que daqui pra frente
Ele vai ficar mais forte
E eu mais velho e doente

A água do sub-solo
Que eu retiro e me alimento
Tá toda contaminada
Em via de esgotamento
Eu nada posso fazer
Mas juro que não agüento.

Até no ar que respiro
Já sinto a poluição
Preciso do gás Carbônico
Porém desse jeito não
Já me sinto enfraquecido
Qualquer dia irei ao chão.

Olhe que sou um gigante
Mas veja a situação
Mesmo com esse tamanho
Sinto a poluição
E as espécies mais frágeis
Já entraram em extinção.

Terminou o seu relato
E disse amigo é assim
Reflita, pois você pode
Fazer algo, não por mim,
É pra sua própria espécie
Não ser condenada ao fim.

Nessa hora eu acordei
E vi a realidade
Percebi que aquele sonho
Era mais do que verdade
Que o homem devora a Terra
Com toda voracidade.

Passaram-se poucos dias
Fui visitar o serrote
Após um dia chuvoso
Rajada de vento forte
Derrubou meu eucalipto
Sentenciou sua morte.

Caiu em cima da casa
Destruiu completamente
Mas antes de sucumbir
Deu um gemido potente
Como quem dizia assim
Cai por está doente.

Lembrei do sonho e chorei
Baixinho sem ter volume
Juntei uns galhos, guardei
Como era de costume
Pra poder sentir pra sempre
O teor do seu perfume.

Sai dali lamentando
Mas aprendi a lição
Vou plantar muito mais árvores
Vou prestar mais atenção
Vou aprender preservar
Pra futura geração.

de José Manoel dos Santos

11 comentários:

Dav DiDi disse...

Nice photos you have here

BC disse...

Bom Viviana, devo ter boa memória lembrava-me perfeitamente do eucalipto, o seu amigo eucalipto que mereceu um belo poema, e de que maneira!!!
Tem no SORRISOS, UM ABRACINHO PARA IR BUSCAR.
Beijinhos
Isabel

Pelos caminhos da vida. disse...

Somos "passageiros" de um lindo raio de luz
que nos conduzem a eternidade.
Conseguir perceber, sentir e tocar
este raio de luz dourado
é como manter uma comunicação
permanente com os nossos anjos.
Os anjos são nossos protetores e
nossos guias verdadeiros,
que nos conduzem de uma forma iluminada
ao entendimento,
a compreensão e ao amor.
E nos incentivam principalmente a construção
de uma vida em plena harmonia com o universo.
Portanto, olhe para o céu hoje, deixe que seu coração seja banhado por este "oceano de luz"
que irá transformar sua vida.
Deixe que ele ilumine sua vida com os raios da "FELICIDADE"!!!


beijooo.

Maria disse...

Boa tarde e parabéns pelo maravilhoso presente que Deus nos deu faz hoja anos, num dia fantástico que ainda lembro.

(Na verdade, não venho comentar os eucaliptos de que gosto; o que não gosto é que os homens cometam crimes e incendeiem ou abatam florestas para plantar eucaliptos que têm crescimento rápido e são muito rentáveis.)

Por favor, veja a sua caixa de correio e se puder responda ao meu pedido.

Obrigada e um grande abaraço de felicitação por este dia.

Shalom!
Mimi

Alice disse...

me emocionei.....

beijos

renato disse...

Olá Amiga Viviana!

É realmente emocionante este presente que nos quis ofertar!

Muito Obrigado Amiga!

Grande Abraço,

Renato

bete p.silva disse...

Ele é criticado porque dizem que isso acontece com frequência, é uma árvore que tomba, porque será? A prefeitura aqui de São Paulo não gosta deles, dizem que as pessoas plantam porque ele cresce rápido, mas é uma árvore perigosa.

Eu gosto deles, mas confesso que quando era pequena, aqui perto de casa havia um pequeno bosque de eucaliptos, e eu tinha medo de passar por entre aquelas árvores altas.

Flora Maria disse...

Concordo com sua opinião.
Vi, na TV, um documentário sobre o eucalipto, e entendi todo o seu valor. Acredito que o maior problema é quando ele não é nativo do lugar, e é plantado em monocultura.
Beijo

Viviana disse...

Olá Dav DiDi

Obrigada

viviana

Olá querida Isabel,

Sim, eu falei nele aqui em Fevereiro passado.

Fique muito contente ao encontrar este poema...

Foi mesmo apropriado para o meu velho amigo.

Obrigada pelo abracinho, já fui buscá-lo

Olá ana linda,

Farei isso, sim.

Não imagina quantas vezes por dia e por noite... eu olho o céu!

Olá querida Mimi.

Muito obrigada por os Parabens!

Parece um sonho, não é?

42 anos?

Aquele bébé lindo,robusto, e com dois ou três cabelinhos loiros naquela arequinha tão linda!

E lá estava a Madrinha Mimi...

Como eu agradeço a Deus!

Querida Alice,

Vejo que tambem apreciou a história deste outro eucalipto.

Poetisa...com alma de poetisa...

Até se emociona.

Olá Renato, meu bom amigo

Gosto imenso das árvores!

Creio que de todas elas...

Acho-as maravilhosas.

Querida Bete,

Sim, há muita gente, mesmo muita, que não gosta deles, por isso que diz.

Mas eu acho que eles têm todo o direito de viver como outra árvore qualquer.

Olá Flora,

Sim, tem razão. Aqui em portugal ele existe por todos os lados.

E há imensas extensões deles, para fabricar pasta de papel.

As Organizações de protecção da natureza, estão sempre a reagir contra isso.

Muito obrigada a todos por terem vindo até aqui.

Desejo uma boa tarde de domingo

um abraço

viviana

Teresa disse...

Tenho o seu endereço gravado há semanas, por cusa da frase do Evangelho que o encima.

Hoje, já nem sei porquê, entrei e gostei muito da sua amizade com o eucalipto e da simplicidade do poema que transcreveu.
Também eu "vivi" assim com uma acácia, e quando se partiu pelo meio e foi cortada cairam algumas lágrimas. Gostei de encontrar um coração adulto que compreende esse sentir.
Um abraço com amizade,

Teresa Mendes

José Faria disse...

Abraço poético. Gostei muito das referências ao eucalipto e à extensa poesia, de tal forma que o publiquei no seguimento (comentário a um)poste de uma amiga no Facebook, referindo o autor e deixando conexão para o seu excelente Blog. Obrigado pela nobre partilha e entrega dos valores culturais que oferece à sociedade. Bem-haja. Saúde!