Há algum tempo atrás, uma rola branca pousou na armação de madeira á volta do estendal da roupa, na janela da cozinha.
Creio que ela vinha á procura de comida. Pousou e ficou virada para a janela a olhar com a cabecinha de lado como elas costumam fazer. Eu abri a janela com jeitinho e suavemente comecei a falar com ela, para ela não se assustar e para eu ganhar a confiança dela.
Ofereci-lhe um punhado de arroz, que ela a medo, começou logo a comer Enquanto comia eu ia falando com ela e creio que “ficámos amigas” a partir daí.
No dia seguinte ela já veio acompanhada de uma outra, e nos dias a seguir, mais outra, e outra e outra, até que ás tantas já vinham cerca de dez ou doze e eu sempre a dar-lhes de comer. Os netos quando as viam ficavam fascinados por elas e queriam ajudar a dar-lhes de comer. Era uma festa. Depois de comerem, elas ficavam pousadas ali, na armação de madeira ou nas cordas do estendal, viradinhas para nós, como que a agradecerem o nosso gesto.
Mas, depressa me apercebi, que estava a surgir um grande problema: Tudo por ali, ficava cheio dos seus excrementos, que caiam também sobre a roupa estendida dos vários vizinhos de baixo, e, o pior… caíam na cabeça das pessoas, sobretudo crianças, que passavam no passeio em baixo e que iam para a escola situada ao lado.
Com muita pena minha, vi-me forçada a deixar de lhes dar de comer, pois a qualquer momento o problema iria surgir.
Custou-me tanto “desabituá-las”! Vê-las ali á espera, tempos e tempos…com a cabecinha de lado, como que a pedir. Eu fechava a cortina para não as ver.
A pouco e pouco, conforme vieram assim se foram; deixaram de aparecer.
Então, eu formulei um desejo: Que elas encontrassem alguém, que como eu gostasse delas e lhes desse de comer; não seria difícil, meigas e lindas como são!
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