Já que vem a "talhe de foice",aproveito para apresentar a história dos famosos e populares rebuçados do Dr. Bayard: Em 1939, Álvaro Matias, trabalhava como marçano numa mercearia em Lisboa, vindo do Vale da Mula em Almeida, para tentar uma vida melhor na capital.Era o inicio da segunda guerra mundial e Lisboa enchia-se de refugiados europeus endinheirados e os produtos começavam a escassear.Um desses refugiados, francês, entrou um dia na mercearia para comprar presunto. Com alguma dificuldade, Álvaro conseguiu vender-lhe um inteiro e o francês pasou a ser um cliente assíduo. Entretanto foram-se criando laços de amizade entre o marçano e o cliente, chegando este a ensinar-lhe francês, que Álvaro aprendeu com alguma facilidade. Ao longo da sua estadia em Lisboa, a situação económica do Dr. Bayard -era este o nome do francês -alterou-se, passando o Álvaro a "ajudá-lo" com os produtos da mercearia. Com o fim da guerra, o francês e a família regressaram a França, mas antes "agradeceu" ao seu amigo português com a única coisa de valor que ainda possuia -a receita dos rebuçados do Dr. Bayard. Durante 4 anos a receita ficou fechada numa gaveta, após o que o Álvaro começou por ciar uma pequena indúsria caseira , para a qual contribuiu o trabalho da familia.Hoje, com mais de 90 anos, Álvaro tem uma fábrica totalmente mecanizada, na Rua Gomes Freire na Amadora, bem junto ao Centro de Saúde, local onde trabalhei muitos anos. Na empresa, o ruido é ensurdecedor , a massa dos rebuçados é feita num instante : Cozem-se 40 kgs de massa de três em três minutos. Por ano são gastas mais de 40 toneladas de mel e 600 de açucar. Embrulham-se mais de mil rebuçados por minuto e fabricam-se 4 toneladas todos os dias, reduzindo-se para metade no verão. Actualmente, a actividade é continuada pelo filho António José e pelo neto André. Praticamente, em toda a cidade da Amadora, anda no ar o agradável cheirinho da alteia (uma planta)que entra na composição dos rebuçados.
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