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«Batam-me à porta
os que andam lá por fora, à neve;
batam
os que tiverem frio ou sede;
os que sintam saudades de um carinho;
os desprezados;
os que há muito não vêem uma flor
e encontram só poeira no caminho;
os que não amam já nem já os ama
ninguém;
os esquecidos de como se sorri;
os que não têm Mãe…
Batam-me à porta os Desgraçados,
os que têm os dedos calejados
dos dedos ásperos da Miséria,
os que travam desordens nas tavernas
e brincam às facadas,
os que não têm abrigo nem Amigo,
os que o Destino escarrou,
os que não foram crianças,
os que nasceram num bordel
e por quem passam todos sem olhar.
Batei à minha porta, Irmãos,
entrai,
que eu tenho Amor pra vos dar…
E se eu também bater
(que eu também choro
muitas vezes, lá por fora;
também amargo tristezas;
que eu também sou Desgraçado)…
pois se eu bater,
vinde logo depressa abrir-me a porta;
aquecei-me no meu lume;
dai-me do pão que eu parti
e do Amor que vos dei…
como se fosse um de vós,
que eu também sou Desgraçado…
Ah! Se eu bater
(mas é preciso que eu possa
ter força ainda nas mãos),
por Deus abri a porta, meus Irmãos,
como se a casa fora vossa!»(Sebastião da Gama)
1 comentário:
Vivi:
Tem razão, a janela é linda!!!
E que tom mais lindo de azul.
bjs
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